TEXTO PARA A
PRÓXIMA QUESTÃO:
Eu tinha o medo imediato. E tanta
claridade do dia. O arrojo do rio e só aquele estrape*, e o risco extenso
d'água, de parte a parte. Alto rio, fechei os olhos. Mas eu tinha até ali
agarrado uma esperança. Tinha ouvido dizer que, quando canoa vira, fica
boiando, e é bastante a gente se apoiar nela, encostar um dedo que seja, para
se ter tenência, a constância de não afundar, e aí ir seguindo, até sobre se
sair no seco. Eu disse isso. E o canoeiro me contradisse: - "Esta é das
que afundam inteiras. É canoa de peroba. Canoa de peroba e de pau-d'óleo não
sobrenadam..." Me deu uma tontura. O ódio que eu quis: ah, tantas canoas
no porto, boas canoas boiantes, de faveira ou tamboril, de imburana, vinhático
ou cedro, e a gente tinha escolhido aquela... Até fosse crime, fabricar dessas,
de madeira burra!
(Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas, p. 88-89.)
*
instrumento de tortura
Diz
Alfredo Bosi a respeito de Guimarães Rosa: "'Grande Sertão: Veredas' e as
novelas de 'Corpo de Baile' incluem e revitalizam recursos da expressão
poética: células rítmicas, aliterações, onomatopeias, rimas internas, ousadias
mórficas, elipses, cortes e deslocamentos de sintaxe, vocabulário insólito,
arcaico ou de todo neológico, associações raras, metáforas, anáforas,
metonímias, fusão de estilos, coralidade".
(Alfredo Bosi, História
Concisa da Literatura Brasileira, p. 430.)
1. (Ufscar 2008) Levando-se em conta a norma padrão do português do Brasil,
a)
Como você caracteriza a variação linguística que aparece em "Me deu uma
tontura"?
b)
Como você redigiria essa frase de acordo com a norma padrão?
Resposta:
a)
O uso de pronome oblíquo átono no início de uma oração é característico da
variante informal, popular do Português.
b)
Deu-me uma tontura.
TEXTO PARA A
PRÓXIMA QUESTÃO:
COMPOSIÇÕES INFANTIS
O comportamento
O comportamento é uma coisa que a
mamãe diz que não suporta o meu mas eu é que não entendo o dela. Uma hora ela
me dá uma porção de beijinhos, outra hora ela me põe de castigo o dia todo. Uma
vez ela diz que eu sou tudo lá na vida dela, outra vez ela grita: "Que
menino mais impossível, você vai ver só quando seu pai chegar!" Tem umas
ocasiões que ela chora muito porque não sabe mais o que fazer comigo e outras
eu ouvo ela dizendo pras visitas que "o meu, felizmente, é muito bonzinho
e muito carinhoso." Eu já desconfio que a mamãe é a médica e a monstra.
http://www.memoriaviva.com.br/ocruzeiro/ O CRUZEIRO, 3 maio 1959. Acesso: abril
2007.
2. (Ufmg 2008) REESCREVA esse texto, fazendo as adaptações necessárias para ajustá-lo à
norma padrão da língua escrita.
Resposta:
COMPOSIÇÕES INFANTIS
O comportamento
Minha mãe diz que não suporta o meu
comportamento, mas eu é que não entendo o dela. Uma hora, ela me dá uma porção
de beijinhos; outra hora, põe-me de castigo. Em algumas ocasiões, ela fala que
eu sou tudo na vida dela, no entanto, em outras, ela grita comigo, fala que sou
um menino impossível e que, quando o meu pai chegar, verei que me acontecerá.
Há umas ocasiões nas quais ela chora muito por não saber o que fazer comigo; em
outras, eu a ouço dizer às visitas que sou muito bonzinho e carinhoso. Por
isso, desconfio que a minha mãe seja a médica e a monstra.
3. (Puc-rio 2006) A venalidade, disse o
Diabo, era o exercício de um direito superior a todos os direitos. Se tu podes
vender a tua casa, o teu boi, o teu sapato, o teu chapéu, cousas que são tuas
por uma razão jurídica e legal, mas que, em todo caso, estão fora de ti, como é
que não podes vender a tua opinião, o teu voto, a tua palavra, a tua fé, cousas
que são mais do que tuas, porque são a tua própria consciência, isto é, tu
mesmo? 1Negá-lo é cair no absurdo e no contraditório. Pois não há
mulheres que vendem os cabelos? não pode um homem vender uma parte do seu
sangue para transfundi-lo a outro homem anêmico? e o sangue e os cabelos,
partes físicas, terão um privilégio que se nega ao caráter, à porção moral do
homem? Demonstrando assim o princípio, o Diabo não se demorou em expor as
vantagens de ordem temporal ou pecuniária; depois, mostrou ainda que, à vista
do preconceito social, conviria dissimular o exercício de um direito tão
legítimo, o que era exercer ao mesmo tempo a venalidade e a hipocrisia, isto é,
merecer duplicadamente.
Fragmento do conto "A Igreja do
Diabo", de Machado de Assis
a)
Explique o argumento de que se vale o Diabo na defesa que faz da venalidade.
b)
A que se refere o pronome oblíquo na frase "Negá-lo é cair no absurdo e no
contraditório" (ref. 1)?
Resposta:
a)
O argumento do Diabo é que tudo o que pertence ao indivíduo pode ser vendido.
Seria, segundo ele, contraditório considerar que apenas os bens materiais são
passíveis de venda. Conforme o Diabo,
nada pertenceria mais ao indivíduo do que a própria consciência.
b)
O pronome refere-se a: "direito à venalidade".
4. (Ufscar 2006) Leia o texto seguinte.
Desculpe-nos pela demora em
responder a sua reclamação sobre a sua TV de plasma. Precisávamos ter a certeza
de que a nossa matriz aqui no Brasil estaria nos enviando a referida peça. Na
próxima semana, estaremos fazendo uma revisão geral no aparelho e vamos estar
enviando ele para o senhor. Atenciosamente...
(Texto do e-mail de uma empresa,
justificando o atraso em consertar um aparelho eletrônico.)
Observa-se,
nesse texto, um problema de estilo comum nas correspondências comerciais e nas
comunicações de tele-marketing e também um desvio da norma padrão do português
do Brasil.
a)
Identifique o problema de estilo e redija o trecho em que ele ocorre,
corrigido.
b)
Identifique o desvio e redija o trecho em que ele ocorre, corrigido.
Resposta:
a)
O "problema de estilo" consiste em substituir formas verbais simples
por locuções com o verbo auxiliar "estar" seguido do gerúndio do
verbo principal. Dessa forma, no texto
transcrito, "estaria... enviando" substitui "enviaria";
"estaremos fazendo" substitui "faremos" e "vamos estar
enviando", substitui "vamos enviar". Reescrito, o texto ficaria
da seguinte maneira: "Precisávamos ter certeza de que a nossa matriz no
Brasil nos enviaria a referida peça. Na próxima semana, faremos uma revisão
geral no aparelho e o enviaremos ao senhor".
b)
O "desvio da norma-padrão" está no uso do pronome reto
"ele" com função de objeto, em que seria de regra o pronome oblíquo
"o" : "vamos enviá-lo".
5. (Ufscar 2006) Observe o texto seguinte, um fragmento de "Festival de abóboras
geladas".
MODO
DE PREPARO
Numa
panela funda, colocar a água, o adoçante, o suco de laranja, o cravo, a canela
e o anis-estrelado. Deixar ferver por 15 minutos. Juntar os pedaços de abóbora
na calda e cozinhar por 20 minutos. Desligar o fogo e deixar na panela por 12
horas. Depois, colocar em uma compoteira. Levar à geladeira por aproximadamente
1 hora, antes de servir.
(Lucília Diniz, "Doces
Light". Adaptado.)
O
texto está redigido no infinitivo, visando a não identificar, individualmente,
as pessoas que devem praticar essas ações.
a)
Redija esse texto utilizando o imperativo, para o mesmo efeito.
b)
Redija novamente o texto, utilizando, agora, o pronome "se", para o
mesmo efeito.
Resposta:
a) "Numa panela funda, coloquem a água, o
adoçante, o suco de laranja, o cravo, a canela e o anis-estrelado. Deixem
ferver por 15 minutos. Juntem os pedaços de abóbora na calda e cozinhem por 20
minutos. Desliguem o fogo e deixem na panela por 12 horas. Depois, coloquem em
uma compoteira. Levem à geladeira por aproximadamente 1 hora, antes de
servir". Caso se optasse por formas do imperativo propriamente dito, que
postulam o tratamento em segunda pessoa, os verbos seriam: colocai, deixai,
juntai, cozinhai, desligai, deixai, colocai, levai, respectivamente.
b)
Numa panela funda, colocam-se a água, o adoçante, o suco de laranja, o cravo, a
canela e o anis-estrelado. Deixa-se ferver por 15 minutos. Juntam-se os pedaços
de abóbora na calda e cozinha-se por 20 minutos. Desliga-se o fogo e deixa-se
na panela por 12 horas. Depois, coloca-se em uma compoteira. Leva-se à
geladeira por aproximadamente 1 hora, antes de servir.
Link para questões de outras disciplinas:
História e Geografia http://araoalves.blogspot.com.br/
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