1.
(Unicamp 2013) TEXTO 1
Imagine-se como um estudante de ensino
médio de uma escola que organizará um painel sobre características
psicológicas e suas implicações no plano individual e na vida em sociedade.
Nesse painel, destinado à comunidade escolar, cada texto reproduzido
será antecedido por um resumo. Você ficou responsável por elaborar o resumo
que apresentará a matéria transcrita abaixo, extraída de uma revista de
divulgação científica. Nesse resumo você deverá:
— apresentar o ponto de vista expresso no
texto, a respeito da importância do pessimismo em oposição ao otimismo,
relacionando esse ponto de vista aos argumentos centrais que o sustentam.
Atenção: uma vez que a matéria
será reproduzida integralmente, seu texto deve ser construído sem copiar
enunciados da matéria.
PESSIMISMO
Para começar, precisamos de pessimistas por
perto. Como diz o psicólogo americano Martin Seligman: “Os visionários, os
planejadores, os desenvolvedores, todos eles precisam sonhar com coisas que
ainda não existem, explorar fronteiras. Mas, se todas as pessoas forem
otimistas, será um desastre”, afirma. Qualquer empresa precisa de figuras que
joguem a dura realidade sobre os otimistas: tesoureiros, vice-presidentes
financeiros, engenheiros de segurança...
Esse realismo é coisa pequena se comparado
com o pessimismo do filósofo alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860). Para ele,
o otimismo é a causa de todo o sofrimento existencial. Somos movidos pela
vontade – um sentimento que nos leva a agir, assumir riscos e conquistar
objetivos. Mas essa vontade é apenas uma parte de um ciclo inescapável de
desilusões: dela vamos ao sucesso, então à frustração – e a uma nova vontade.
Mas qual é o remédio, então? Se livrar das
vontades e passar o resto da vida na cama sem produzir mais nada? Claro que
não. A filosofia do alemão não foi produzida para ser levada ao pé da letra.
Mas essa visão seca joga luz no outro lado da moeda do pessimismo: o excesso de
otimismo – propagandeado nas últimas décadas por toneladas de livros de autoajuda.
O segredo por trás do otimismo exacerbado, do pensamento positivo desvairado,
não tem nada de glorioso: ele é uma fonte de ansiedade. É o que concluíram os
psicólogos John Lee e Joane Wood, da Universidade de Waterloo, no Canadá. Um
estudo deles mostrou que pacientes com autoestima baixa tendem a piorar ainda
mais quando são obrigados a pensar positivamente.
Na prática: é como se, ao repetir para si
mesmo que você vai conseguir uma promoção no trabalho, por exemplo, isso só
servisse para lembrar o quanto você está distante disso. A conclusão dos
pesquisadores é que o melhor caminho é entender as razões do seu pessimismo e
aí sim tomar providências. E que o pior é enterrar os pensamentos negativos sob
uma camada de otimismo artificial. O filósofo britânico Roger Scruton vai além
disso. Para ele, há algo pior do que o otimismo puro e simples: o “otimismo
inescrupuloso”. Aquelas utopias* que levam populações inteiras a aceitar
falácias** e resistir à razão. O maior exemplo disso foi a ascensão do nazismo
– um regime terrível, mas essencialmente otimista, tanto que deu origem à
Segunda Guerra com a certeza inabalável da vitória. E qual a resposta de
Scruton para esse otimismo inescrupuloso? O pessimismo, que, segundo ele, cria
leis preparadas para os piores cenários. O melhor jeito de evitar o pior,
enfim, é antever o pior.
(Extraído de M.
Horta, “O lado bom das coisas ruins”, em Superinteressante, São Paulo,
nº 302, março 2012.
http://super.abril.com.br/cotidiano/lado-bom-coisas-ruins-68705.shtml. Acessado
em 2/09/2012.)
* Utopia: projeto de natureza irrealizável; ideia
generosa, porém impraticável; quimera; fantasia.
** Falácia: qualquer enunciado ou raciocínio falso
que, entretanto, simula a veracidade; raciocínio verossímil, porém falso;
engano; trapaça.
TEXTO 2
Imagine que, ao ler a matéria “Cães vão
tomar uma ‘gelada’ com cerveja pet”, você se sente incomodado por não haver
nela nenhuma alusão aos possíveis efeitos que esse tipo de produto pode ter
sobre o consumo de álcool, especialmente por adolescentes. Como leitor
assíduo, você vem acompanhando o debate sobre o álcool na adolescência e
decide escrever uma carta para a seção Leitor do jornal,
criticando a matéria por não mencionar o problema do aumento do consumo de
álcool.
Nessa carta, dirigida aos redatores do
jornal, você deverá:
— fazer menção à matéria publicada, de modo
que mesmo quem não a tenha lido entenda a importância da crítica que você faz;
— fundamentar a sua crítica com dados
apresentados na matéria “Vergonha Nacional”, reproduzidos adiante.
Atenção: ao assinar a carta, use
apenas as iniciais do remetente.
Cães vão
tomar uma “gelada” com cerveja pet
Produto feito
especialmente para cachorros chega ao mercado nacional em agosto
Nada é melhor que uma cervejinha depois de
um dia de cão.
Agora eles, os cães, também vão poder fazer
jus a essa máxima. No mês de agosto chega ao mercado a Dog Beer, cerveja
criada especialmente para os amigos de quatro patas. “Quem tem bicho de
estimação gosta de dividir o prazer até na hora de comer e beber”, aposta o
empresário M. M., 47, dono da marca.
Para comemorar a final da Libertadores, a
executiva A. P. C., 40, corintiana roxa, quis inserir Manolito, seu labrador,
na festa.
“Ele tomou tudo. A cerveja é docinha, com
fundinho de carne”, descreve.
Uniformizado, Manolito não só bebeu a gelada
durante o jogo contra o Boca Juniors como latiu sem parar até o fim da partida.
Desenvolvida pelo centro de tecnologia e
formação de cervejeiros do Senai, no Rio de Janeiro, a bebida canina é feita à
base de malte e extrato de carne; não tem álcool, lúpulo, nem gás carbônico.
O dono da empresa promete uma linha completa
de “petiscos líquidos”, que inclui suco, vinho e champanhe.
A lista de produtos humanos em versões
animais não para de crescer.
Já existem molhos, tempero para ração e até
patê.
O sorvete Ice Pet é uma boa opção para o
verão. A sobremesa tem menos lactose, não tem gorduras nem açúcar.
(Adaptado de
Ricardo Bunduky, Folha de São Paulo, São Paulo, 22 julh.2012, Cotidiano
3 p.)
Vergonha
Nacional
As décadas de descumprimento da lei (...)
contribuíram para que os adultos se habituassem a ver o consumo de bebidas
entre adolescentes como “mal menor”, comparado aos perigos do mundo. (...) Um
estudo publicado pela revista Drugs and Alcohol Dependence ouviu 15.000
jovens nas 27 capitais brasileiras. O cenário que emerge do estudo é alarmante.
Ao longo de um ano, um em cada três jovens brasileiros de 14 a 17 anos se
embebedou ao menos uma vez. Em 54% dos casos mais recentes, isso ocorreu na sua
casa ou na de amigos ou parentes. Os números confirmam também a leniência com
que os adultos encaram a transgressão. Em 17% dos episódios, os menores estavam
acompanhados dos próprios pais ou de tios.
Resultados da pesquisa
realizada com 15.000 jovens de 14 a 17 anos nas 27 capitais brasileiras
Quantas vezes se embebedou
|
|
Onde ficou embriagado
(na última vez em que bebeu)
|
|
Com quem bebeu
(na última vez em que bebeu)
|
|||
Nenhuma vez
|
12%
|
|
Bar
|
35%
|
|
Amigos
|
50%
|
Uma vez na vida
|
35%
|
|
Casa de amigos
|
30%
|
|
Irmãos e primos
|
26%
|
Ao menos uma vez no
último ano
|
32%
|
|
Casa de parentes
|
13%
|
|
Pais ou tios
|
17%
|
Ao menos uma vez no
último mês
|
21%
|
|
Própria casa
|
11%
|
|
Namorado
|
5%
|
|
|
|
Festas ou praia
|
11%
|
|
Sozinho
|
2%
|
(Adaptado de Revista Veja, Editora Abril, São Paulo, no 28, 11
julh. 2012, p. 81-82.)
Resposta:
Texto 1
O resumo do
texto “O lado bom das coisas ruins” a ser apresentado num painel destinado à
comunidade escolar deve apresentar sucintamente o ponto de vista da matéria
sobre a importância de uma postura pessimista face à realidade, ou de um
comportamento equilibrado que, mesmo levando em consideração fatores otimistas,
mostrasse a relevância de encarar as situações e os acontecimentos também pelo
aspecto negativo. A tese defendida por Martin Seligman alerta para a
necessidade de adequar as utopias ou os devaneios à realidade das
circunstâncias, coadunando-se à filosofia schopenhaueriana que considerava o
otimismo o causador de todo o sofrimento existencial. Contrariamente ao que é
propagandeado em livros de autoajuda, o esforço para se atingir resultados
positivos provoca ansiedade e pode gerar sentimento de insatisfação diante do
fracasso dos resultados esperados. Nesse sentido, o pessimismo adquire
relevância não só no comportamento individual, como também no plano ideológico
e coletivo em face dos exemplos documentados na História que conduziram a
Humanidade a guerras insanas e de consequências trágicas, de que o Nazismo é
exemplo irrefutável.
Texto 2
A carta deve seguir os
parâmetros da dissertação argumentativa: introdução com o ponto de vista a ser
defendido, desenvolvimento com argumentos que sustentem a tese e, finalmente, o
fecho, seguido de uma expressão que preceda a assinatura com as iniciais do
remetente. Ou seja, torna-se imprescindível a menção de local e data, destinatário, saudação, interlocução com
o destinatário e despedida. O interlocutor, mencionado no cabeçalho e no
vocativo que antecede o primeiro parágrafo, deve ser evocado também no decorrer
do texto através de verbos no imperativo, com linguagem adequada ao grau de
intimidade entre emissor e receptor. No caso, para atender à solicitação do
enunciado, a carta deve ser dirigida aos redatores do jornal Folha de São Paulo
a fim de expressar a indignação do leitor que, após ler a matéria sobre o
lançamento no mercado de um tipo de cerveja para cães, não se conforma com o
descaso com que é tratado o problema do consumo de álcool, já que a notícia não
vem acompanhada de nenhuma advertência relativamente aos efeitos dos excessos
cometidos, sobretudo entre adolescentes. Apesar de o produto anunciado não ter
álcool na sua composição, pode funcionar como um incentivo ao consumo de
bebidas alcoólicas, pois os animais habitam o mesmo espaço onde, segundo a
pesquisa inclusa no artigo “Vergonha nacional” da revista “Veja”, os adolescentes
costumam desenvolver o hábito. Em mais de 50% dos casos analisados, o fato
acontece em casa ou na de amigos ou parentes e, em 17% dos episódios, na
companhia de amigos e familiares que minimizam a gravidade da atitude,
contribuindo assim para o desenvolvimento do vício.
2.
(Pucrj 2013) REDAÇÃO
O sociólogo Octavio Ianni (1926-2004), em
trecho reproduzido no texto 1 desta prova, afirma o seguinte: “A história dos
povos está atravessada pela viagem, como realidade ou metáfora. Todas as formas
de sociedade, compreendendo tribos e clãs, nações e nacionalidades, colônias e
impérios, trabalham e retrabalham a viagem, seja como modo de descobrir o
‘outro’, seja como modo de descobrir o ‘eu’’’.
Produza um texto
dissertativo-argumentativo – claro, coerente e bem fundamentado –, no qual você
apresente um ponto de vista sobre uma história – do noticiário, da tradição
oral, da História Geral ou de ficção (parte de um filme, romance, conto,
crônica, etc.) – que tenha como foco uma viagem. Você deverá, em
cerca de 25 linhas, apresentar a história – colocando seus referentes
completos –, e analisá-la à luz da mencionada citação de Ianni.
A seleção de textos a seguir tem por
objetivo ajudá-lo a desenvolver suas próprias ideias a respeito da questão
abordada. Alguns desses textos podem ser reproduzidos, em parte, na sua
produção textual – assim como os demais constantes desta prova –, mas em forma
de DISCURSO INDIRETO ou PARÁFRASE, com as devidas fontes mencionadas
na redação. Coloque um título em seu texto. NÃO ASSINE.
Texto 1
O que não é uma viagem? Por menos que
se dê um sentido figurado a esse termo – e jamais pudemos deixar de fazê-lo – a
viagem coincide com a vida, nem mais, nem menos: o que é esta, além de uma
passagem do nascimento à morte? O deslocamento no espaço é o indício primeiro,
o mais óbvio, da mudança; ora, quem diz, diz mudança. O relato também se
alimenta da mudança; nesse sentido, viagem e relato aplicam-se mutuamente. A
viagem no espaço simboliza a passagem do tempo, o deslocamento físico o faz
para a mudança interior; tudo é viagem, mas trata-se de um tudo sem identidade.
A viagem transcende todas as categorias, incluindo a da mudança, do mesmo e do
outro, pois desde a mais remota Antiguidade são acumuladas viagens de
descobrimento, explorações do desconhecido, e viagens de regresso,
reapropriação do familiar: os argonautas são grandes viajantes, mas Ulisses
também o é.
[...] podemos, com um pouco mais de
probabilidade de êxito, tentar distinguir, no próprio interior desse magma
imenso, vários tipos de viagem, ou talvez várias categorias que permitem
caracterizar as viagens particulares. A oposição mais comum, e que se impõe
primeiramente, é a dos planos espiritual e material, ou, se preferirmos, do
interior e do exterior. Tomemos dois exemplos célebres de relatos medievais: a Viagem
de ultramar, de Mandeville, e A busca do Santo Graal. O primeiro
descreve duas viagens (compostas de elementos reais e imaginários; mas podemos
deixar essa distinção de lado, por enquanto), na Terra Santa e no Extremo-Oriente,
lugares onde o autor descobre, para grande prazer de seus leitores, todas as
espécies de seres maravilhosos, e ainda por cima o próprio Paraíso terrestre! O
segundo descreve as aventuras dos cavaleiros da Távola Redonda, da corte do rei
Artur, que partem em busca de um objeto misterioso e sagrado, o Graal; mas
pouco a pouco esses cavaleiros descobrem que a busca em que estão envolvidos é
de natureza espiritual, e que o Graal é uma entidade impalpável; por isso só os
mais puros, Galaad e Perceval, podem alcançá-lo [...].
Fragmento de
artigo do filósofo Tzvetan Todorov, “Le voyage et son récit”, publicado em: Les
morales de l’histoire (TODOROV, 1995). Tradução de Lea Mara Valezi Staut –
publicação original no volume 39 (1999) da Revista de Letras. Rev. Let., São
Paulo, v.46, n.1, p.231-244, jan./jun. 2006.
Texto 2
Entre os inúmeros narradores anônimos, dois
grupos se interpenetram de múltiplas maneiras. [...] Quando alguém faz uma
viagem, então tem alguma coisa para contar, diz a voz do povo e imagina o
narrador como alguém que vem de longe. Mas não é com menos prazer que se ouve
aquele que, vivendo honestamente do seu trabalho, ficou em casa e conhece as
histórias e tradições de sua terra. Se se quer presentificar esses dois grupos
nos seus representantes arcaicos, então um está encarnado no lavrador
sedentário e o outro no marinheiro mercante.
Fragmento
retirado do texto “O narrador” (1936), de Walter Benjamin (1892-1940). In: Os pensadores, nº 8 – Textos escolhidos:
Benjamin, Horkheimer, Adorno, Habermas. 2ª ed.Trad.: José Lino Grunnewald et
al. São Paulo: Abril Cultural, 1983; p.58.
Texto 3
[...] O viajante vai sempre optar por não
viver onde estiver morando. Para ele, não estar em casa significa estar mais em
casa do que em qualquer outro local. A busca de um lugar passa pela recusa de
ter um lugar. Para se encontrar, ele tem de ir embora e não morar em lugar
nenhum. [...] Incapazes de levar uma vida sedentária numa cidade qualquer, eles
estão sempre na estrada. [...] Viajar, aqui, não é uma forma de chegar a algum
lugar, mas de deixar para trás tudo aquilo que torna a vida insuportável. Estar
em movimento é uma espécie de estado de suspensão. [...]
Fragmento
retirado do capítulo “O viajante”, do livro Cenários em ruínas, de
Nélson Brissac Peixoto. São Paulo: Brasiliense, 1987; p. 82-85.
Texto 4
Compreendemos, portanto, que as viagens
sejam sempre experiências de estranhamento. E podemos mesmo observar que está,
talvez, neste efeito de distanciamento, no sentimento de dépaysement (termo
forjado com tanta felicidade pela língua francesa, cuja significação se
aproximaria do nosso termo “desterro”, se tomássemos num registro
exclusivamente psicológico e simbólico) que, de um modo ou de outro, sempre
envolve o viajante (que não se mostra inabalavelmente frívolo), o seu núcleo
essencial e sua expressão mais íntima.
Fragmento do artigo “O olhar do viajante”, de Sérgio Cardoso. In:
NOVAES, Adauto. O olhar. São Paulo: Companhia das Letras, 1988, p.359.
Resposta:
Segundo os parâmetros estabelecidos no
enunciado, o texto dissertativo deve apresentar ponto de vista fundamentado em
uma história, cujo enredo focalize uma viagem em que o personagem viajante
expresse uma busca de cunho existencial, à luz das considerações de Octavio
Ianni. Segundo ele, a narrativa histórica configura uma metáfora: tentativa de
descoberta de si mesmo ou do outro. A coletânea que acompanha a proposta reúne
textos de teor filosófico que discorrem sobre o assunto e auxiliam a delimitar
o tema. O texto 1 associa viagem à própria vida, no sentido do percurso que
intermedeia nascimento e morte. Para Tzvetan Todorov, o relato transcende assim
a descrição da viagem no sentido de revelar que a mudança espacial ou temporal
se associa à busca do material ou do metafísico. O texto 2 discorre sobre a
narrativa de comunicação oral, reproduzida por autores anônimos que nunca
saíram do seu espaço, mas “viajam” no tempo ao relatar causos e fatos que fazem
parte da sua história e contribuem para a formação da identidade cultural do
grupo. No texto 3, Nélson Brissac define o viajante como a pessoa que vive uma
eterna fuga a uma sociedade opressiva ou limitadora, numa tentativa incessante
de encontrar o lugar ideal que evidentemente nunca encontra, gerando a sensação
constante de incompletude. No último texto, o ator Sérgio Cardoso discorre
sobre a subjetividade e a parcialidade do “viajante” ao representar
preferencialmente o que lhe provoca sensação de estranhamento. Ou seja, o
narrador revela nos seus relatos não só o que vê, mas também o que atende à sua
subjetividade e o separa do outro: o maravilhoso ou o exótico. Para atender às
orientações da proposta, a tese deveria basear-se em uma história (do
noticiário, da tradição oral, da História Geral ou de ficção) que tenha como
foco uma viagem, mencionando as referidas fontes. Algumas leituras
desenvolvidas no período de formação escolar ou outras que fazem parte da
cultura universal ajudariam a delimitar o tema, como “Os Lusíadas”, de Luís de
Camões, “Viagens de Gulliver”, de Swift,“A volta ao mundo em 80 dias”, de Julio
Verne , “Macunaíma” de Mário de Andrade, o poema “Navio negreiro” de Castro
Alves e a própria literatura de cordel tão representativa da cultura popular
brasileira. Também o cinema forneceria subsídios para exploração do assunto.
Filmes como “A ilha misteriosa” e “De volta para o futuro” revelaram-se sucesso
de bilheteria para um público ávido de paisagens exóticas e fantásticas, assim
como “Além da natureza selvagem” para o que divide com o personagem a sensação
de opressão da civilização moderna. Ou ainda “Planeta dos macacos” que, por
apresentar humanos como seres incapazes de controlar as suas mentes a ponto de
destruir a vida na Terra, conduz à reflexão sobre os limites a que a humanidade
se deve impor para a preservação da espécie e do próprio planeta. A conclusão
deve conter a síntese de tudo o que foi apresentado no texto, retomando o que
foi apresentado na introdução e/ou no desenvolvimento de forma coerente.
3. (Pucrj 2013) REDAÇÃO
Segundo a escritora Susan Sontag
(1933-2004), a sanidade é uma “mentira aconchegante’. Realmente, é costume
dizer que há uma linha tênue entre sanidade e loucura. Com base nesse
enquadramento do tema, produza um texto dissertativo-argumentativo –
claro, coerente e bem fundamentado – acerca da loucura como forma poética
de visão, de vivência e de contestação do mundo. Você deverá, em cerca de
25 linhas, contextualizar o tema, explicar posições e manifestar seu
ponto de vista. A seleção de textos a seguir tem por objetivo ajudá-lo a
desenvolver suas próprias ideias a respeito da questão abordada. Alguns desses
textos podem ser reproduzidos, em parte, na sua produção textual – assim como
os demais constantes desta prova –, mas em forma de DISCURSO INDIRETO
ou PARÁFRASE, com as devidas fontes mencionadas na redação. Coloque
um título em seu texto. NÃO ASSINE.
Texto 1
Regressamos assim à imaginação. A essa louca
por vezes fascinante e por vezes furiosa que mora no sótão. Ser romancista é
conviver felizmente com a louca lá de cima. É não ter medo de visitar todos os
mundos possíveis e alguns impossíveis. Tenho outra teoria (tenho muitas:
resultado da frenética laboriosidade da minha razão), segundo a qual os
narradores somos seres mais dissociados ou talvez mais conscientes da
dissociação que os outros. Isto é, sabemos que dentro de nós somos
muitos. Há profissões que combinam melhor que outras com este tipo de
caráter, como, por exemplo, ser ator ou atriz. Ou ser espião. Mas para mim não
há nada que se compare com ser romancista, porque isto nos permite não apenas
viver outras vidas, mas também inventá-las. “Às vezes tenho a impressão de que
surjo do que escrevi tal como uma serpente surge da sua pele”, diz Vila-Matas
em A viagem vertical. O romance é a autorização da esquizofrenia.
Um dia do mês de novembro último eu estava
dirigindo por Madri; era mais ou menos hora do almoço e lembro que ia a um
restaurante me encontrar com uns amigos. Era um desses dias típicos do inverno
madrileno, frios e intensamente luminosos, com ar limpo e escarchado e um céu
esmaltado de laca azul brilhante. Estava na Modesto Lafuente ou em alguma das
ruas paralelas, vias estreitas e com obrigação de dar passagem nas esquinas,
nas quais não se pode andar a mais de quarenta ou cinquenta por hora. Assim,
indo devagar, passei ao lado de um edifício antigo de dois ou três andares em
que nunca havia reparado. Em cima da porta, um letreiro metálico dizia: CENTRO
DE SAÚDE MENTAL. Devia pertencer a algum organismo público, porque mais acima
havia um mastro branco com uma bandeira espanhola se agitando ao vento. Eu
passava em frente a esse lugar, enfim, quando de repente, sem que eu
pretendesse nem previsse, uma parte de mim se separou e entrou no edifício
transformada num paciente que vinha se internar. E num fulminante e intensíssimo
instante esse outro eu viveu de tudo: subiu, quer dizer, subi os dois ou três
degraus da entrada, com os olhos feridos pelo reflexo da fachada e escutando o
furioso flamejar da bandeira, sonoro, abominável e atordoante; e segui para o
interior, com o coração tremendo porque sabia que era para ficar, e lá dentro
tudo era penumbra repentina, e um silêncio algodoento e irreal, e cheiro de
cloro e naftalina, e uma lufada de calor insano nas bochechas. Aquela pequena
projeção de mim ficou ali, no Centro de Saúde Mental, às minhas costas,
enquanto eu continuava pelas ruas na minha picape rumo ao almoço, pensando em
alguma futilidade, tranquila e impassível após aquele espasmo de visão
angustiosa que caiu sobre mim como uma gota d’água. Mas, sem nenhuma dúvida,
agora já sei como é internar-se num centro psiquiátrico; agora vivi isso, e se
algum dia tiver que descrever num livro, saberei fazê-lo, porque uma parte de
mim esteve lá e talvez ainda esteja. Ser romancista consiste exatamente nisso.
Não creio que possa ser capaz de explicá-lo melhor.
Fragmento do livro A louca da casa, de Rosa Montero.
Rio de Janeiro: Ediouro, 2004. p. 21-23.
Texto 2
Dizem que sou louco/ Por pensar assim/ Se eu
sou muito louco/ Por eu ser feliz/ Mais louco é quem me diz/ Que não é feliz,
não é feliz// Se eles são bonitos/ Sou Alain Delon,/ Se eles são famosos/ Sou
Napoleão/ Mais louco é quem me diz/ Que não é feliz, não é feliz// Eu juro que
é melhor/ Não ser um normal/ Se eu posso pensar/ Que Deus sou eu// Se eles têm
três carros/ Eu posso voar/ Se eles rezam muito/ Eu já estou no céu/ Mais louco
é quem me diz/ Que não é feliz/ Não é feliz// Sim, sou muito louco/ Não vou me
curar/ Já não sou o único/ Que encontrou a paz/ Mais louco é quem me diz/ E não
é feliz/ Eu sou feliz.
Balada do Louco. Composição de Arnaldo
Baptista e Rita Lee. Disponível em: <http://www.letras.com.br>. Acesso
em: 24 set. 2012.
Texto 3
Nádia Timm: A senhora sempre admite
que a loucura une toda sua obra. “Loucura” sintetiza sensibilidade, percepção,
forma de expressão diferente do convencional?
Hilda Hilst: É tudo isso, sim, mas
também é um desequilíbrio total, um desarranjo. É horrível ser louco. Meu pai
foi esquizofrênico paranoico e ele sofreu muito. As pessoas fantasiam muito com
a loucura, ficam imaginando só um lado poético, genial de ser louco. Mas não é
só isso. Padecer de loucura é terrivelmente doloroso. E não sei até onde a
loucura garante a boa qualidade de sensibilidade ou percepção de alguém. O
mundo teve loucos geniais, como Nietszche, Nijinsky e tantos outros. Mas teve
os horríveis. [...] E também deve ter muito louco chato, maluco mesmo, como
acontece com todo o mundo.
Fragmento de
entrevista com a escritora Hilda Hilst (1930-2004), feita por Nadia Timm, em
2002, para o site Cyber Goíás (<http://www.cybergoias.com>).
Resposta:
O texto dissertativo-argumentativo deve
apresentar uma opinião fundamentada sobre a loucura como forma poética de
visão, de vivência e de contestação do mundo. A leitura dos textos que fazem
parte da coletânea contribui para elaboração da tese e construção de argumentos
que a fundamentem, visando a uma conclusão coerente. No entanto, esses textos
não devem ser reproduzidos integralmente na redação, apenas citados, em forma
de discurso indireto ou paráfrase, com as devidas fontes mencionadas. No texto
1, Rosa Monteiro vale-se do relato de uma experiência pessoal como exemplo da
interferência da imaginação na construção da técnica narrativa. A imagem de uma
placa que assinalava um hospital psiquiátrico provoca a imaginação,
transportando-a para o interior a ponto de se julgar capaz de descrever as
sensações do paciente que para ali seria levado. Assim, associa a arte de
escrever à capacidade do artista para criar mundos possíveis e impossíveis,
assumir as vivências dos diversos “eus” que constituem a sua própria
personalidade ou até mesmo inventá-los se assim o quiser. A composição “Balada
do louco” alude ao caráter transgressor da loucura associado muitas vezes à
arte moderna, pois ambas se inscrevem como espaço privilegiado de manifestação
da subjetividade e liberdade irrestrita, que, segundo o autor, é sinônimo de
felicidade. Desta forma, os juízos de valor e as convenções mostram-se sem
sentido, na convicção de que, parafraseando Raul Seixas, o artista louco jamais
comete a loucura de ser o sujeito normal, desconhecedor da felicidade. No
último texto da coletânea, Hilda Hilst contesta a versão de que a loucura
reflete apenas a sensibilidade e percepção extraordinárias do artista,
representado genericamente como o louco provido de um gênio, imune ao
sofrimento dos que convivem com as patologias do desequilíbrio mental. Segundo
ela, não é evidente que a loucura seja um atestado de sensibilidade especial de
determinada pessoa, nem condição essencial para a criação artística. Assim, e
como sugestão, a tese poderia definir o ato criativo como um estado de delírio
passageiro e reversível, no qual o artista mergulha quando se distancia
circunstancialmente da realidade para voltar a ela quando o quiser, diferente
do portador de doença mental que não pode nunca retornar a ele. E se o artista
reajusta seu mundo de uma nova maneira, capaz, portanto, de criar um mundo
próprio de forma consciente e sadia, também pode construir personagens que
apresentam características patológicas: o anti-herói Dom Quixote, de Miguel de
Cervantes, o narrador de “Noites na taverna” de Álvares de Azevedo, Simão
Bacamarte de “O Alienista” ou Bento Santiago de “Dom Casmurro” através dos
quais Machado de Assis faz uma crítica à ciência positivista e apresenta a obsessão
provocada pelo ciúme como uma crise de identidade do narrador, criada pela
fantasia e pelas imagens delirantes que instauram uma nova realidade.
4.
(Uerj 2013) TEXTO I
Tempo: cada
vez mais acelerado
Pressa. Ansiedade. E a sensação
de que nunca é possível fazer tudo — além da certeza de que sua vida está
passando rápido demais. Essas são as principais consequências de vivermos num
mundo em que para tudo vale a regra do “quanto mais rápido, melhor”. “Para nós,
ocidentais, o tempo é linear e nunca volta. Por isso queremos ter a sensação de
que estamos tirando o máximo dele. E a única solução que encontramos é
acelerá-lo”, afirma Carl Honoré. “É um equívoco. A resposta a esse dilema é
qualidade, não quantidade.”
Para James Gleick, Carl está lutando
uma batalha invencível. “A aceleração é uma escolha que fizemos. Somos como
crianças descendo uma ladeira de skate. Gostamos da brincadeira,
queremos mais velocidade”, diz. O problema é que nem tudo ao nosso redor
consegue atender à demanda. Os carros podem estar mais rápidos, mas as viagens
demoram cada vez mais por culpa dos congestionamentos. Semáforos vermelhos
continuam testando nossa paciência, obrigando-nos a frear a cada quarteirão.
Mais sorte têm os pedestres, que podem apertar o botão que aciona o sinal verde
— uma ótima opção para despejar a ansiedade, mas com efeito muitas vezes nulo.
Em Nova York, esses sistemas estão desligados desde a década de 1980. Mesmo
assim, milhares de pessoas o utilizam diariamente.
É um exemplo do que especialistas
chamam de “botões de aceleração”. Na teoria, deixam as coisas mais rápidas. Na
prática, servem para ser apertados e só. Confesse: que raios fazemos com os
dois segundos, no máximo, que economizamos ao acionar aquelas teclas que fecham
a porta do elevador? E quem disse que apertá-las, duas, quatro, dez vezes, vai
melhorar a eficiência?
Elevadores, aliás, são ícones da
pressa em tempos velozes. Os primeiros modelos se moviam a vinte centímetros
por segundo. Hoje, o mais veloz sobe doze metros por segundo. E, mesmo
acelerando, estão entre os maiores focos de impaciência. Engenheiros são
obrigados a desenvolver sistemas para conter nossa irritação, como luzes ou
alarmes cuja única função é aplacar a ansiedade da espera. Até onde isso vai?
SÉRGIO
GWERCMAN
Adaptado de <super.abril.com.br>.
TEXTO II
TEXTO III
Mestre
|
|
Mestre, são 1plácidas
Todas as horas
Que nós perdemos,
Se no perdê-las,
Qual numa jarra,
Nós pomos flores.
Não há tristezas
Nem alegrias
Na nossa vida.
Assim saibamos,
Sábios 2incautos,
Não a viver,
Mas decorrê-la,
Tranquilos, plácidos,
Tendo as crianças
Por nossas mestras,
E os olhos cheios
De Natureza...
À beira-rio,
À beira-estrada,
3Conforme calha,
Sempre no mesmo
Leve descanso
De estar vivendo.
|
O tempo passa,
Não nos diz nada.
Envelhecemos.
Saibamos, quase
Maliciosos,
Sentir-nos ir.
Não vale a pena
Fazer um gesto.
Não se resiste
Ao deus atroz
Que os próprios filhos
Devora sempre.
Colhamos flores.
Molhemos leves
As nossas mãos
Nos rios calmos,
Para aprendermos
Calma também.
Girassóis sempre
Fitando o sol,
Da vida iremos
Tranquilos, tendo
Nem o remorso
De ter vivido.
|
RICARDO REIS
Pessoa, Fernando. Obra poética. Rio de Janeiro: Aguilar, 1999.
(1) plácidas
- calmas
(2) incautos
- desprevenidos
(3) conforme calha - conforme seja
TEXTO IV
Lembra-te de que tempo é dinheiro. Aquele que pode ganhar dez xelins*
por dia com seu trabalho e vai passear, ou fica vadiando metade do dia, embora
não despenda mais do que seis pence durante seu divertimento ou
vadiação, não deve computar apenas essa despesa; gastou, na realidade, ou
melhor, jogou fora, cinco xelins a mais.
(...)
Aquele que perde cinco xelins, não perde somente esta soma, mas todo o
proveito que, investindo-a, dela poderia ser tirado, e que durante o tempo em
que um jovem se torna velho, integraria uma considerável soma de dinheiro.
BENJAMIN FRANKLIN
(*) xelim − unidade de moeda equivalente a 12 pence
WEBER, Max. Os
pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1985.
TEXTO V
Dizemos, com frequência, que fomos atropelados pelos acontecimentos −
mas quais acontecimentos têm poder de atropelar o sujeito? Aqueles em direção
aos quais ele se precipita,
com medo de ser deixado para trás. Deixamo-nos atropelar, em nossa
sociedade competitiva, porque medimos o valor do tempo pelo dinheiro que ele
pode nos render. Nesse ponto remeto o leitor, mais uma vez, à palavra exata do professor
Antonio Candido: “O capitalismo é o senhor do tempo. Mas tempo não é dinheiro.
Isso é uma brutalidade. O tempo é o tecido de nossas vidas”. A velocidade
normal da vida contemporânea não nos permite parar para ver o que atropelamos;
torna as coisas passageiras, irrelevantes, supérfluas.
MARIA RITA KEHL
<mariaritakehl.psc.br>
Os textos IV e V apresentam posições opostas sobre a relação com o
tempo: para o primeiro, tempo é dinheiro, porque deve ser empregado em produzir
riqueza; para o segundo, tempo não pode ser resumido ao dinheiro, porque isso é
uma brutalidade.
Com base na leitura de todos os textos e de suas
elaborações pessoais sobre o tema, escolha uma das duas posições e a defenda,
redigindo um texto argumentativo em prosa.
Resposta:
Além dos textos que
antecipam os enunciados da prova, mais dois serviriam de base de apoio para
interpretação do tema; o de Benjamin Franklin que consagrou a expressão “tempo
é dinheiro” e o de Maria Rita Kehl que endossa a opinião de Antônio Cândido,
que critica essa postura agressiva como típica de um sistema que vê o aumento
de capital como um fim em si mesmo e subverte o verdadeiro sentido da vida,
transformando o que é essencial em algo passageiro e descartável. Assim, a tese
deveria assumir a defesa de uma das duas posições: considerar o tempo como
mercadoria que visa à prosperidade e aumento de patrimônio pessoal ou como
investimento para construção do que considera essencial à sua própria vida,
como fruição do lazer ou ampliação do saber. Enquanto que a primeira posição
está vinculada ao espírito do capitalismo moderno, em que cada minuto parado
acarreta prejuízos que são calculados quantitativamente, a segunda prioriza a
qualidade de vida relativamente ao mundo que nos rodeia de forma consciente, mas
prazerosa. Os argumentos devem ser consistentes com a tese apresentada e a
conclusão, sucinta e coerente.
TEXTO PARA AS
PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
PRIMEIRO
ATO
Amelinha -
(Virando-se para a mãe) 6Edmundo está inocente. Sem culpa.
Valdelice
- (Fazendo-a calar) Não repita 30essa asneira. (Pausa) 13Temos
de pressioná-lo, minha filha. 14Você não tem idade para perceber a
ruindade dos homens. Você foi 12se-du-zi-da.
Amelinha -
(Sentando-se) 3Seduzida?! Mas eu sei que não é verdade!
Valdelice
- A história tem de ser diferente... Trate de se convencer 31disso.
[...]
Amelinha -
9Não me sinto bem em dizer o que não fiz...
Agente -
Aprenda 21a primeira lição: 2às vezes a verdade não é a
que se conhece, mas a outra... (Pausa) É ir por mim. (Notando o laço de fita da
moça) Pra que este laço?
Amelinha -
Foi ideia da mamãe.
Valdelice
- Não a quero desgraciosa diante da autoridade.
Agente -
(Compenetrado) Nada de 1lacinho de fita! Você não é anjo de
procissão. (Tom) Quem perde a honra não se interessa por enfeite. (Ríspido) 15Tire-o.
Amelinha -
(Indecisa) 10Mas eu... eu...
Agente - (Arrebata-lhe
o laço) Bobagem! (Pausa). 22Retire também 35o ruge, o
batom... 28Tenho de prepará-la
para impressionar o delegado, o juiz,
todo mundo. Do contrário, ninguém defenderá você. (Tom) Assanhe os cabelos.
SEGUNDO
ATO
Benedito -
29(À Amelinha, que continua assustada, mas impressionada com a
situação que vive). Então, você acabou sendo enganada? (Ela aquiesce) 11Levou-a
no caminhão da entrega sistemática, não foi? (Ela confirma) Vá ver que era um
caminhão Ford. (Ao Permanente) Ford! A influência nefasta do capitalismo
internacional! (Pausa) E os botijões? Balançavam? Sacudiam? (Pausa) Estavam
cheios... ou vazios?
Amelinha -
(Num sopro) Vazios...
Benedito -
(Eufórico) Vazio! (Pausa, em explosão) Vibravam, não? (Dramatizando) Imagino
como não eram ruidosos! (T) Tática de cinema americano, "noir", de
péssima qualidade. (Pausa) E o carro? Corria veloz? E você, gritava?
Amelinha -
(Voz débil, a confirmar) Gritava.
[...]
Benedito -
(A Amelinha) Então estavam vazios os botijões (Ela concorda) Vazios... E o
carro corria, em disparada, não? (Ela aquiesce) E fazia aquele ruído...
Amelinha -
(Que vai aderindo, qual participasse de um jogo...) 4Um ruído
terrível...
Benedito -
Ah, eu imagino! (T.) 26E o seu desespero? Hem, moça?
Amelinha -
Ah, como eu sofri dentro do caminhão...
Valdelice
- (Surpresa, à filha) Você nunca me falou antes em caminhão. Que carro é esse?
Amelinha -
(Indiferente) O caminhão, mãe... Caminhão Ford.
[...]
Benedito -
25E depois? Hem? Depois?
Amelinha -
(Enlevada, mais fantasiosa) Ele me apertava em seus braços fortes, sem mais
querer me soltar. (Tom) Meu Deus, era bom, mas eu sofria. (Pausa) Eu me sentia
tonta, desfalecida, principalmente pelo som infernal dos botijões... E por cima
de tudo, eu tinha medo de morrer.
Benedito -
(Animando-a) Mais, mais, vai para a primeira página.
Amelinha -
Paramos num lugar distante, como se diz mesmo? ... ermo... (Pausa) Onde era? Onde?
Ainda hoje me pergunto, sem resposta... (Pausa. T.) Nem sei direito. 23Mas
sei que havia uma árvore muito frondosa, e tinha um rio largo, perto... e...
acho que havia também uma cabana. Um velho pescador estava sentado, longe,
longe, numa pedra...
Valdelice
- 17Minha filha, você está descrevendo o calendário da sala de
jantar!
[...]
Benedito -
E depois, e depois?
Amelinha -
7Ele começou a puxar o zíper do meu vestido.
Valdelice
- 18Mas você não tem vestido de zíper!!!
Benedito -
Vá contando, me agrada! É matéria de primeira página.
Amelinha -
8Por fim, rasgou minha combinação de "nylon".
Valdelice
- "Nylon"?! Você nunca usou 32isso!
[...]
Valdelice
- (Como se tudo fosse um sonho) Agora que você está mais calma, me diga mesmo
como é a história do caminhão, dos botijões vazios... Onde você conseguiu 33tudo
isso?
Amelinha -
E eu sei, mamãe?! 27Simpatizei com o moço, e dei de imaginar tudo.
(Pausa. T) Será que o meu retrato vai sair bonito no jornal?
[...]
Edmundo -
(Principia a falar com indecisão, procurando achar as palavras) 24Amelinha,
eu... queria que você compreendesse... Por favor, 16conte ao
Delegado o que em verdade se passou 19entre nós dois... Sei que você
é direita... (Pausa) Fale.
Amelinha -
(Em tom indefinido, como se na verdade vivesse outro personagem) 5Será
que você já esqueceu?
Edmundo -
Esqueceu o quê? Não compreendo.
Amelinha -
Oh, Edmundo... Vocês, homens, esquecem tão ligeiro!
Edmundo - 20Mas
não esqueci nada! Lembro que você me chamou à sua casa. E me abraçava, me
queria... E eu então não pude resistir.
[...]
Amelinha -
Oh, ao menos hoje, não seja cínico! O caminhão, os botijões vazios! Vamos, não
diga que não se lembra! Você me carregou, eu não queria... Me convidou para ver
os enfeites da boleia, e, de repente, acionou o motor, partiu veloz. Ah. Foi
quando eu gritei, gritei: 34Não faça isso. Edmundo! Pare! Pare! E
você correndo, nem me deu atenção!
Edmundo -
(Ao Delegado) Isso não! Ao menos a verdade!
CAMPOS, Eduardo. A donzela desprezada. In:________. Três peças escolhidas. Fortaleza: Edições UFC, 2007, p.187-221.
5. (Ufc) Dentre algumas funções, AS RETICÊNCIAS são empregadas para denotar:
(
1 ) hesitação;
(
2 ) enumeração incompleta.
Observe,
nas passagens do texto transcritas a seguir, o emprego das reticências,
identifique a razão pela qual foram utilizadas e, em seguida, de acordo com o
código apresentado, preencha os parênteses, estabelecendo a correlação adequada
entre o uso na passagem e o valor denotado.
1.
( ) "Retire também o ruge, o
batom..." (ref. 22).
2.
( ) "Mas sei que havia uma
árvore muito frondosa, e tinha um rio largo, perto... e... acho que havia
também uma cabana" (ref. 23).
3.
( ) "Amelinha, eu... queria que
você compreendesse... Por favor, conte ao Delegado o que em verdade se passou
entre nós dois... Sei que você é direita... (Pausa) Fale" (ref. 24).
Resposta:
(2)
- (1) - (1).
6. (Ufc) Dentre algumas funções, A VÍRGULA é empregada para separar:
(1)
Vocativo;
(2)
Repetições;
(3)
Termos coordenados;
(4)
Oração adjetiva de valor explicativo;
(5)
Orações coordenadas aditivas proferidas com pausa.
Observe,
nas passagens do texto transcritas a seguir, o emprego das vírgulas,
identifique a razão pela qual foram utilizadas e, em seguida, de acordo com o
código apresentado, preencha os parênteses, estabelecendo a correlação adequada
entre o uso e a regra.
1.
( ) "E depois, e depois?"
(ref. 25).
2.
( ) "E o seu desespero? Hem,
moça?" (ref. 26).
3.
( ) "Temos de pressioná-lo,
minha filha" (ref. 13).
4.
( ) "Simpatizei com o moço, e
dei de imaginar tudo" (ref. 27).
5.
( ) "Tenho de prepará-la para
impressionar o delegado, o juiz, todo mundo" (ref. 28).
6.
( ) "(À Amelinha, que continua
assustada, mas impressionada com a situação que vive.)" (ref. 29).
Resposta:
(2)
- (1) - (1) - (5) - (3) - (4).
7. (Fgv) 80% dos professores são mestres e doutores - ÍNDICE SIMILAR ÀS MELHORES
FACULDADES PÚBLICAS BRASILEIRAS.
(Texto de anúncio publicitário.)
O
trecho em destaque nesse texto é marcado por quebra de paralelismo entre os
termos relacionados pela noção de similaridade.
a)
Explique em que consiste essa quebra de paralelismo no contexto dado.
b)
Reescreva o trecho, eliminando essa impropriedade.
Resposta:
a)
Não há quebra de paralelismo na questão. Ocorreu omissão do termo que é o
núcleo do segundo elemento da comparação - o substantivo "índice" ou
o pronome "o", que o substituiria.
b)
Possível resposta: "... índice similar ao das melhores faculdades públicas
brasileiras".
TEXTO PARA A
PRÓXIMA QUESTÃO:
MAÍRA
Maíra só descobriu todo o seu poder
um dia quando brincava com Micura na praia. Cada um deles tinha, levantada, uma
mão cheia de vaga-lumes para alumiar, mas a luzinha era muito pouca. Maíra
desenhou, assim mesmo, ali na areia da praia, uma arraia com seu ferrão e tudo.
Mas naquela penumbra se distraiu pisou na arraia desenhada. Foi aquela
ferroada! Compreendeu, então, que podia fazer qualquer coisa:
- Sou Maíra - lembrou - sou o arroto
de Deus-Pai. Ele, ambir, agora tem nome: é Mairahú, meu pai. Meu filho será
Mairaíra. - Pegou então a conversar com o irmão, Micura, sobre o que podiam
fazer.
Maíra: - O mundo de Mairahú, meu
pai, é feio e triste. Não um mundo bom para a gente viver. Podemos melhorá-lo.
Micura: - Não vá o Velho se ofender!
Maíra: - Pode ser. É melhor não
fazer nada.
Micura: - Bobagem. Alguma coisinha
podemos fazer.
Maíra: - Vamos, então, tomar dos que
têm, o que eles têm, para dar aos que não têm.
Micura saltou alegre: - Sim, vamos,
primeiro o fogo. Ando com frio e com muita vontade de comer um churrasco.
O fogo era do Urubu-rei que mandava
na aldeia grande das gentes urubus. Eles só comiam corós de carniça tostados no
borralho. Não precisavam tanto do fogo. Usavam mais era luz para ver bem a
carniça e o calor para esquentar o corpo nu quando se desvestiam das penas para
brincar de gente.
O jeito que os gêmeos encontraram
para roubar o fogo foi matar um veado grande, muito grande, deixá-lo apodrecer
para criar bastante bicho-coró e, então, mandar levar uma moqueca de corós para
o Urubu-rei e convidá-lo para vir à comilança. Assim fizeram. Maíra desenhou um
cervo enorme, soprou para que vivesse e o matou ali mesmo. Quando estava bem
podre e bichado, mandaram o passarinho que fala mais línguas, um papagaio,
maracanã, atrás do Urubu-rei. Eles ficaram escondidos debaixo da carniça para
agarrar o reizão bicéfalo quando ele pousasse. Assim fizeram. Quando o
Urubu-rei estava bem preso, Maíra gritou:
- Calma, meu rei. Não tenha medo. Só
quero o fogo pro meu povinho. Todos andam com frio. Só comem o cru.
Mas se armou a maior das confusões
porque o Urubu-rei começou a responder com as duas cabeças, falando ao mesmo
tempo, cada qual dizendo uma coisa. Maíra não entendia nada. Aí uma cabeça do
Urubu-rei virou-se para a outra e as duas caíram numa discussão cerrada. O
tempo ia passando sem que Maíra soubesse o que fazer. Afinal, teve a ideia de
mandar Micura agarrar o rei-falador. Levantou, então, suas duas mãos e fez de
cada uma delas uma cabeça de urubu com bico e tudo e passou, assim, a conversar
duro com as duas cabeças do reizão. Só deste modo conseguiu que ele mandasse
trazer o fogo, mas o rei ainda quis enganar Maíra entregando fogos que
queimavam pouco e não davam luz. Felizmente ali estava Micura experimentando
tudo. Provava um e dizia:
- Não, este não serve não; não é o
fogo que precisamos. Não, este também não é o fogo que precisamos. Não, este
também não é o fogo de verdade. - Afinal, conseguiram o fogo verdadeiro e
fizeram o trato.
Maíra: - Vocês urubus vão comer
carniça com fartura; o chefão de duas cabeças vai ficar com uma só, para não enganar
mais ninguém, mas nesta vai usar esse diadema vermelho e branco que eu lhe dou
agora.
Urubu-rei: - Fiquem com o fogo
vocês, mairuns. Mas façam muita carniça pra nós.
(Darcy Ribeiro. Maíra.)
PROMETEU ACORRENTADO
Ésquilo
(A
cena é o pico duma montanha deserta. Chegam Poder e Vigor, que trazem preso
Prometeu; segue-os, coxeando, Hefesto, carregando correntes, cravos e malho.)
PODER. Eis-nos chegados a um solo
longínquo da terra, caminho da Cítia, deserto ínvio. Hefesto, é mister te
desincumbas das ordens enviadas por teu pai, acorrentando este celerado, com
liames inquebráveis de cadeias de aço, aos rochedos de escarpas abruptas. Ele
roubou uma flor que era tua, o brilho do fogo, vital em todas as artes, e deu-a
de presente aos mortais; é preciso que pague aos deuses a pena desse crime,
para aprender a acatar o poder real de Zeus e renunciar o mau vezo de querer
bem à Humanidade.
HEFESTO. Poder e Vigor, a
incumbência de Zeus para vós está terminada; nada mais vos embarga. Eu, porém,
não me animo a agrilhoar à força um deus meu parente a um píncaro aberto às
intempéries. Todavia, é imperioso criar essa coragem; é grave negligenciar as
ordens de meu pai. (...)
PODER. Basta! Para que te atardares
em lástimas perdidas? Por que não abominas o deus mais odioso aos deuses, que
entregou aos mortais um privilégio teu?
HEFESTO. O parentesco e a amizade
são forças formidáveis.
PODER. Concordo, mas como se podem
transgredir as ordens de teu pai? Isso não te infunde medo?
HEFESTO. Tu és sempre cruel e
audacioso.
PODER. Lamentos não curam os teus
males; não te canses à toa em lástimas ineficazes.
HEFESTO. Oh! que ofício detestável!
(...)
HEFESTO. Podemos ir. Seus membros já
estão amarrados.
PODER. (a Prometeu) Abusa, agora!
Furta aos deuses seus privilégios para entregá-los aos seres efêmeros! Que
alívio te podem dar deste suplício os mortais? Errados andaram os deuses em te
chamarem Prometeu; tu mesmo precisas de alguém que te prometa um meio de
safar-te destes hábeis liames!
(Retiram-se
Poder, Vigor e Hefesto.)
PROMETEU. Éter divino! Ventos de
asas ligeiras! Fontes dos rios! Riso imensurável das vagas marinhas! Terra, mãe
universal! Globo do sol, que tudo vês! Eu vos invoco. Vede o que eu, um deus,
sofro da parte dos deuses! Contemplai quão ignominiosamente estracinhado hei de
sofrer pelas miríades de anos do tempo em fora! Tal é a prisão aviltante criada
para mim pelo novo capitão dos bem-aventurados! Ai! Ai! Lamento os sofrimentos
atuais e os vindouros, a conjeturar quando deverá despontar enfim o termo deste
suplício. Mas que digo? Tenho presciência exata de todo o porvir e nenhum
sofrimento imprevisto me acontecerá. Cumpre-me suportar com a maior resignação
os decretos dos fados, sabendo inelutável a força do Destino. Contudo, não
posso calar nem deixar de calar minha desdita. Por ter feito uma dádiva aos
mortais, estou jungido a esta fatalidade, pobre de mim! Sou quem roubou, caçada
no oco duma cana, a fonte do fogo, que se revelou para a Humanidade mestra de
todas as artes e tesouro inestimável. Esse o pecado que resgato pregado nestas
cadeias ao relento.
(Teatro
Grego. Seleção, introdução, notas e tradução direta do grego por Jaime Bruna.
São Paulo: Cultrix, 1964.)
8. (Unesp) Muitos verbos, como é o caso de "renunciar", apresentam mais
de uma regência, por vezes sem alteração relevante de significado, de modo que
a realização da regência em cada frase se torna dependente da escolha
estilístico-expressiva do escritor. Com base nesse fato,
a)
considerando que na frase "e renunciar o mau vezo de querer bem à
Humanidade" o verbo "renunciar" aparece como transitivo direto,
escreva uma frase em que o mesmo verbo apareça como transitivo indireto e outra
em que apareça como intransitivo;
b)
reescreva a seguinte frase de Micura tornando o verbo "precisar"
transitivo indireto: "Não, este também não é o fogo que precisamos".
Resposta:
a)
Transitivo indireto: Ele renunciou aos bens que herdara.
Intransitivo:
O presidente renunciou .
b)
Não, este também não é o fogo de que precisamos.
TEXTO PARA A
PRÓXIMA QUESTÃO:
Partimo-nos
assim do santo templo
Que
nas praias do mar está assentado,
Que
o nome tem da terra, para exemplo,
Donde
Deus foi em carne ao mundo dado.
Certifico-te,
ó Rei, que se contemplo
Como
fui destas praias apartado,
Cheio
dentro de dúvida e receio,
Que
a penas nos meus olhos ponho o freio.
(Camões, Os
Lusíadas, Canto 4º - 87.)
9. (Ufscar) Nessa estrofe, há um verbo empregado com uma regência diferente da que
se usa nos dias de hoje, no português do Brasil.
a)
Identifique essa construção.
b)
Redija uma frase com esse mesmo verbo, utilizando a sua regência atual.
Resposta:
a)
A construção é a do verbo partir-se ("Partimo-nos..."). O emprego
pronominal desse verbo é feito, no Brasil, com o sentido de "quebrar-se,
dividir-se em pedaços": o jarro partiu-se. No sentido de "afastar-se,
ir embora", emprega-se o verbo sem pronome.
b)
Partimos assim do santo templo.
TEXTO PARA A
PRÓXIMA QUESTÃO:
IGUAL-DESIGUAL
Eu
desconfiava:
todas
as histórias em quadrinho são iguais.
Todos
os filmes norte-americanos são iguais.
Todos
os filmes de todos os países são iguais.
Todos
os best-sellers são iguais.
Todos
os campeonatos nacionais e internacionais de futebol são iguais.
Todos
os partidos políticos
são
iguais.
Todas
as mulheres que andam na moda
são
iguais.
Todas
as experiências de sexo
são
iguais.
Todos
os sonetos, gazéis, virelais, sextinas e rondós são iguais
e
todos, todos
os
poemas em verso livre são enfadonhamente iguais.
Todas
as guerras do mundo são iguais.
Todas
as fomes são iguais.
Todos
os amores, iguais iguais iguais
Iguais
todos os rompimentos.
A
morte é igualíssima.
Todas
as criações da natureza são iguais.
Todas
as ações, cruéis, piedosas ou indiferentes, são iguais.
Contudo,
o homem não é igual a nenhum outro homem, bicho ou coisa.
Ninguém
é igual a ninguém.
Todo
ser humano é um estranho ímpar.
ANDRADE, Carlos Drummond de. A paixão medida. In: Nova reunião: 19 livros de poesia. RJ:
José Olympio, 1985. Vol. 2. p. 537.
-
best-sellers - os livros mais vendidos (termo em inglês)
-
sonetos, gazéis, virelais, sextinas, rondós - formas fixas de composição
poética
10. (G1 - cp2) Leia os versos a seguir, retirados do texto.
"Todas
as guerras do mundo são iguais.
Todas
as fomes são iguais.
Todos
os amores, iguais iguais iguais."
a)
No verso "Todos os amores, iguais iguais iguais", o uso da vírgula
serviu para substituir um termo já utilizado anteriormente. Reescreva o verso,
trocando a vírgula pela palavra substituída.
b)
A repetição da palavra "iguais" em um só verso é empregada para intensificar
uma ideia. Copie, da 2a estrofe, um verso em que apareça
outro processo de intensificação.
Resposta:
a)
Todos os amores são iguais iguais iguais.
b)
"A morte é igualíssima".
Links para questões de outras disciplinas :
Bons estudos!
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