sábado, 18 de maio de 2013

Sintaxe 2 - questões discursivas com gabarito comentado







1. (Ufmg 2012)  Leia estes trechos, atentando para os conectivos neles destacados:

TRECHO 1

Ouvimos o ferrolho da porta que dava para o corredor interno; era a mãe que abria Eu, uma vez que digo tudo, digo aqui que não tive tempo de soltar as mãos da minha amiga...

MACHADO DE ASSIS, J. M. Dom Casmurro. São Paulo: Globo. 1997. p. 67.

TRECHO 2

Fomos jantar com a minha velha. Já lhe podia chamar assim, posto que os seus cabelos brancos não o fossem todos nem totalmente; e o rosto estivesse comparativamente fresco...

MACHADO DE ASSIS. J. M. Dom Casmurro, São Paulo: Globo, 1997. p.165.

a) Reescreva cada um desses trechos, substituindo o conectivo destacado por outro de igual valor e fazendo as adaptações necessárias.
b) Explicite o tipo de relação que cada um desses conectivos estabelece entre as orações, nos trechos em que estão empregados.


Resposta:

a) Trecho 1: Eu, como (porque, visto que, já que) digo tudo, digo aqui que não tive tempo de soltar as mãos da minha amiga...
Trecho 2: Já lhe podia chamar assim, embora (ainda que, apesar de que, mesmo que) os seus cabelos brancos não o fossem todos nem totalmente; e o rosto estivesse comparativamente fresco...
b) A locução conjuntiva “uma vez que” expressa circunstância de causa e poderia ser substituída por termos equivalentes: como, porque, visto que e já que. A locução “posto que” apresenta noção de concessão da mesma forma que os termos embora, ainda que, apesar de que e mesmo que.



  
2. (Fgv 2012)  Este texto foi extraído de um conto de Monteiro Lobato, cujo personagem principal enlouquece, quando vê seu cafezal inteiramente destruído pela geada.

E a geada veio! Não geadinha mansa de todos os anos, mas calamitosa, geada cíclica, trazida em ondas do Sul.
O sol da tarde, mortiço, dera uma luz sem luminosidade, e raios sem calor nenhum. Sol boreal, tiritante. E a noite caíra sem preâmbulos.
Deitei-me cedo, batendo o queixo, e na cama, apesar de enleado em dois cobertores, permaneci entanguido uma boa hora antes que ferrasse no sono. Acordou-me o sino da fazenda, pela madrugada. Sentindo-me enregelado, com os pés a doerem, ergui-me para um exercício violento. Fui para o terreiro.
O relento estava de cortar as carnes – mas que maravilhoso espetáculo! Brancuras por toda a parte. Chão, árvores, gramados e pastos eram, de ponta a ponta, um só atoalhado branco. As árvores imóveis, inteiriçadas de frio, pareciam emersas dum banho de cal. Rebrilhos de gelo pelo chão. Águas envidradas. As roupas dos varais, tesas, como endurecidas em goma forte. As palhas do terreiro, os sabugos de ao pé do cocho, a telha dos muros, o topo dos moirões, a vara das cercas, o rebordo das tábuas – tudo polvilhado de brancuras, lactescente, como chovido por um suco de farinha. Maravilhoso quadro! Invariável que é a nossa paisagem, sempre nos mansos tons do ano inteiro, encantava sobremodo vê-la súbito mudar, vestir-se dum esplendoroso véu de noiva – noiva da morte, ai!...

Monteiro Lobato, O drama da geada, in Negrinha. São Paulo: Brasiliense, 1951.

a) Em outra passagem do conto, o narrador afirma: “Só então me acudiu que o belo espetáculo que eu até ali só encarara pelo prisma estético tinha um reverso trágico: a morte do heroico fazendeiro”. O que o narrador chama de “prisma estético” pode ser identificado no excerto aqui reproduzido? Justifique sua resposta.
b) Tendo em vista as variedades linguísticas da língua portuguesa, justifica-se o emprego, no texto, de expressões como “geadinha mansa”, “batendo o queixo” e “ferrasse no sono”? Explique.
c) As frases nominais podem ser usadas nas descrições esquemáticas. Esse tipo de recurso foi usado no texto? Justifique sua resposta.


Resposta:

a) Sim, pois a descrição da paisagem nevada está repleta de expressões que traduzem a subjetividade do emissor, sensível ao espetáculo inesperado e surpreendente: “mas que maravilhoso espetáculo”, “mas que maravilhoso espetáculo”, “Maravilhoso quadro!”.
b) Sim, já que se trata de expressões típicas da linguagem popular, reveladoras do contexto a que pertence o personagem, homem do meio rural que foi surpreendido por um acontecimento invulgar e de grande beleza.
c) Sim, a descrição é feita também através de frases nominais, ou seja, frases construídas sem verbos (“Rebrilhos de gelo pelo chão. Águas envidradas. As roupas dos varais, tesas, como endurecidas em goma forte”).




TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Não passa de asneira a recorrente ideia de que a corrupção é monopólio do governo, e a sociedade, sua vítima. A corrupção é, em larga medida, resultado de uma sociedade que não fiscaliza e, pior, em que alguns setores de elite são coniventes com as mais diferentes modalidades de mazelas, que vão de sonegar impostos até subornar o guarda. Estamos inventando até mesmo a fraude com doutorado.
A Folha divulgou detalhes do mercado da venda de dissertações de mestrado e de doutorado, por valores altos. Podem-se encontrar os vendedores abertamente na internet, todos eles, claro, titulados. Mas a verdade é que, junto com seus clientes, eles participam de uma fraude.

(Gilberto Dimenstein. Folha Online, 08/11/2005. Adaptado.)


3. (Ufpe 2012)  Incoerências, em um texto, podem ser causadas por diversos fatores, como transgressões de natureza sintática, relações semânticas impróprias entre orações, escolhas lexicais inadequadas, dentre vários outros. A tentativa de compreensão do texto de Dimenstein levou certo leitor a formular a seguinte conclusão:
“Segundo Dimenstein, a prática da corrupção implica a não fiscalização da sociedade e a conivência de alguns setores de elite.”

a) Essa conclusão é coerente? Justifique seu ponto de vista.
b) Como você formularia sua própria conclusão?


Resposta:

a) A conclusão do leitor é incoerente com a posição defendida por Gilberto Dimenstein. Na oração destacada afirma-se que é a corrupção que provoca a falta de fiscalização e a conivência de alguns setores da elite com esse tipo de infração, ou seja, o leitor inverteu os fatores de causa e consequência mencionados pelo jornalista.
b) Segundo Dimenstein, a corrupção é resultado de uma sociedade que não exerce vigilância suficiente e é muitas vezes conivente com atitudes que revertem para benefício próprio, em prejuízo do Estado ou do bem público.




TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Geração Canguru
Gilberto Dimenstein

Ao mapear novas tendências de consumo no Brasil, publicitários acreditam ter detectado a "Geração Canguru". São jovens bem-sucedidos profissionalmente, têm entre 25 e 30 anos de idade e vivem na casa dos pais. O interesse neles é óbvio: compõem um nicho de consumidores com alto poder aquisitivo.

Ainda na "bolsa" da mãe, eles mostram que mudaram as fronteiras entre o jovem e o adulto. Até pouquíssimo tempo atrás, um marmanjão de 30 anos, enfiado na casa dos pais, seria visto como uma anomalia, suspeito de algum desequilíbrio emocional que retardou seu crescimento.

O efeito "canguru" revela que pais e filhos estão mutuamente mais compreensivos e tolerantes, capazes de lidar com suas diferenças. Para quem se lembra dos conflitos familiares do passado, marcados pelo choque de gerações, os "cangurus" até sugerem um grau de civilidade. Não é tão simples assim.

Estudos de publicitários divulgados nas últimas semanas indicam um lado tumultuado – e nem um pouco saudável – dessa relação familiar. Por trás das frias estatísticas sobre tendência do mercado, a pergunta que aparece é a seguinte: até que ponto os brasileiros mais ricos estão paparicando a tal ponto seus filhos que produzem indivíduos com baixa autonomia?

Ao investigar uma amostra de 1.500 mães e filhos, no Rio e em São Paulo, a TNS InterScience concluiu que 82% das crianças e dos adolescentes influenciam fortemente as compras das famílias. A pressão é especialmente intensa nas classes A e B, cujas crianças, segundo os pesquisadores, empregam cada vez mais a estratégia das birras públicas para ganhar, na marra, o objeto de desejo.

Com medo das birras, as mães tentam, segundo a pesquisa, driblar os filhos e não levá-los às compras, especialmente nos supermercados, mas, muitas vezes, acabam cedendo. Os responsáveis pelo levantamento da InterScience atribuem parte do problema ao sentimento de culpa. Isso porque, devido ao excesso de trabalho, os pais ficam muito tempo longe de casa e querem compensar a ausência com presentes.

Uma pesquisa encomendada pelo Núcleo Jovem da Abril detectou que muitos dos novos consumidores vivem uma ansiedade tamanha que nem sequer usufruem o que levam para casa. Já estão esperando o produto que vai sair. É ninfomania consumista. Jovens relataram que nunca usaram, nem mesmo uma vez, roupas que adquiriram. Aposentam aparelhos eletrodomésticos comprados recentemente porque já estariam defasados.

Psicólogos suspeitam que essa atitude seja uma fuga para aplacar a ansiedade e a carência, provocadas, em parte, pela falta de limite. Imaginando-se modernos, pais tentam ser amigos de seus filhos e, assim, desfaz-se a obrigação de dizer não e enfrentar o conflito. O resultado é, no final, uma desconfiança, explicitada pelos entrevistados, ainda maior em relação aos adultos.

Outro estudo, desta vez patrocinado pela MTV, detectou um início de tendência entre os jovens de insatisfação diante de pais extremamente permissivos. Estão demandando adultos mais pais do que amigos. Para complicar ainda mais a insegurança das crianças e dos adolescentes, a violência nas grandes cidades leva os pais, compreensivelmente, a pilotar os filhos pelas madrugadas, para saber se não sofreram uma violência. Brincar nas ruas está desaparecendo da paisagem urbana, ajudando a formar seres obesos, presos ao computador.

Há pencas de estudo mostrando como a brincadeira, dessas em que nos sujamos, ralamos o joelho na árvore, ajuda a desenvolver a criatividade, o senso de autonomia e de cooperação. É um espaço de estímulo à imaginação.

Todos sabemos como é difícil alguém prosperar, com autonomia, se não souber lidar com a frustração. Muito se estuda sobre a importância da resiliência – a capacidade de levar tombos e levantar como um elemento educativo fundamental.

Professores contam, cada vez mais, como os alunos não têm paciência de construir o conhecimento e desistem logo quando as tarefas se complicam um pouco. Por isso, entre outras razões, os alunos decepcionam-se rapidamente na faculdade que exige mais foco em poucos assuntos.

Os educadores alertam que muitos jovens têm dificuldade de postergar o prazer e buscam a realização imediata dos desejos; respondem exatamente ao bombardeamento publicitário, inclusive na ingestão de álcool, como vamos testemunhar, mais uma vez, nas propagandas de cerveja neste verão. Daí o risco de termos "cangurus" que fiquem cada vez mais na bolsa (e no bolso) dos pais.

P.S. – Em todos esses anos lidando com educação comunitária, posso assegurar que uma das melhores coisas que as escolas de elite podem fazer por seus alunos é estimulá-los ao empreendedorismo social. É um notável treino para enfrentar desafios. Enfrentam-se em asilos, creches e favelas os limites e as carências. Conheci casos e mais casos de alunos problemáticos que mudaram sua cabeça ao desenvolver uma ação comunitária e passaram, até mesmo, a valorizar o aprendizado curricular.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/dimenstein/colunas/gd121205.htm


4. (Ufjf 2012)  Leia novamente:

Todos sabemos como é difícil alguém prosperar, com autonomia, se não souber lidar com a frustração.”

a) Explique a concordância entre o sujeito e o verbo na parte acima destacada.
b) Compare a concordância acima (Todos sabemos) com: “Todos sabem como é difícil...”. Qual é a principal diferença no impacto discursivo produzido pelas duas formas? Justifique sua resposta.


Resposta:

a) O uso da primeira pessoa no termo verbal “sabemos” indica que o pronome indefinido “todos” faz parte de uma locução pronominal indefinida em que o pronome “nós” está subentendido (todos nós), formando uma silepse de pessoa.
b) A preferência por esse tipo de concordância permite perceber a inclusão do autor na ideia que apresenta, o que não aconteceria se usasse a forma “todos sabem”, na medida em que o verbo na terceira pessoa do plural conferiria noção vaga e indeterminada a quem compartilha dessa opinião.




TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
A crise da Europa é hoje o maior risco para a economia mundial, disse o secretário do Tesouro dos Estados Unidos da América, referindo-se à tensão entre os bancos e os governos endividados. Disse, ainda, que a China e outros 1países emergentes com superavit nas contas têm espaço 5bastante para 2estimular o consumo interno, 3aumentar as importações e 4compensar a fraca demanda nas economias desenvolvidas. Para isso, os governos desses países deveriam deixar suas moedas valorizar-se. Em outras palavras, o câmbio subvalorizado da China resulta em valorização real das moedas de outros países emergentes, torna seus produtos mais caros e diminui seu poder de competição no comércio internacional.

Rolf Kuntz. O Estado de S.Paulo, 25/9/2011.


5. (Unb 2012)  Com referência às ideias do texto acima, aos temas a ele associados e às estruturas nele empregadas, julgue os itens a seguir.

a) No segundo período do texto, as estruturas oracionais com as formas infinitivas “estimular”, (ref. 2) “aumentar” (ref. 3) e “compensar” (ref. 4) estão associadas à possibilidade de não se realizar foneticamente o sujeito das respectivas orações, o que assegura, portanto, interpretação ligada à referência indeterminada do sujeito das orações que têm como núcleo do predicado essas formas verbais.
b) No que se refere a aspectos semânticos e morfossintáticos, “bastante” (ref. 5) equivale ao adjetivo suficiente e concorda com o substantivo que o antecede, ainda que apenas em número.


Resposta:

a) Incorreto.
b) Correto.

É incorreto o que se afirma em [A], pois o sujeito não expresso das orações adverbiais finais reduzidas de infinitivo (passíveis de serem desenvolvidas e substituídas por para que estimulem, para que aumentem, para que compensem) não é indeterminado e sim, desinencial, estabelecendo relação anafórica com “China e outros países emergentes”.




TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
No processo da Revolução Francesa, quando destruíram os últimos resquícios do feudalismo na eufórica noite de 4 de agosto de 1789, os deputados concordaram em manter o dízimo da Igreja, 2em vez de simplesmente aboli-lo sem qualquer compensação. Mas, desde então, 1houve sinais de que a promessa seria abandonada. “Eles desejam ser livres, mas não sabem ser justos”, reclamou o abade de Seyès, referindo-se a alguns colegas da Assembleia. Robespierre não era nem antipadres nem anticlerical; 3é difícil determinar sua posição quanto ao futuro da Igreja na Revolução. Às vezes, era veemente crítico e, em outras vezes, retornava à interpretação da doutrina cristã, pois, a seu ver, o cristianismo era a religião dos pobres e daqueles de coração puro — riqueza chamativa e luxo não deveriam fazer parte dele. Os pobres, segundo ele, eram oprimidos não apenas pela fome, mas também pelo espetáculo escandaloso de clérigos autoindulgentes, 4que esbanjavam insensivelmente o que 5pertencia aos pobres por direito.

Ruth Scurr. Pureza fatal: Robespierre e a Revolução Francesa. Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2009, p. 140-1 (com adaptações).


6. (Unb 2012)  Com base no texto acima, julgue os itens subsequentes.

a) No trecho “houve sinais de que a promessa seria abandonada” (ref. 1), o substantivo “promessa” tem como referente o trecho “em vez de simplesmente aboli-lo sem qualquer compensação” (ref. 2).
b) O trecho “é difícil determinar sua posição quanto ao futuro da Igreja na Revolução” (ref. 3) pode ser substituído corretamente por quanto ao futuro da Igreja, é difícil determinar, na Revolução, a posição de Robespierre.
c) No trecho “que esbanjavam insensivelmente o que pertencia aos pobres por direito” (ref. 4), o complemento direto de “esbanjavam” é modificado por uma oração adjetiva.
d) A estrutura “pertencia aos pobres por direito” (ref. 5) pode ser substituída corretamente por era um direito dos pobres.


Resposta:

a) Incorreto.
b) Incorreto.
c) Correto.
d) Incorreto.

As afirmações transcritas em [A] e [B] e [D] são incorretas, pois:

Em [A], o substantivo “promessa” remete a “manter o dízimo da igreja”.
Em [B], a alteração sugerida alteraria o sentido da frase original, já que o adjunto adverbial “na revolução” remete a “futuro da igreja” e não à indicação da posição de Robespierre durante o processo revolucionário.
Em [D], a expressão “por direito” na frase “pertencia aos pobres por direito” alude a um poder legítimo, mas não legalizado, enquanto a sugerida para substituição sugere uma prerrogativa passível de ser exigida por estar consignada em lei.




TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
A resposta de qualquer pai ou mãe, questionado sobre o que deseja para os filhos, está sempre na ponta da língua: “Só quero que sejam felizes”. A frase não deixa dúvidas de que, numa sociedade moderna, livre de muitas das restrições morais e culturais do passado, a felicidade é vista como a maior realização de um indivíduo. Até governos nacionais se viram na obrigação de fazer algo a respeito. Neste ano, a China e o Reino Unido anunciaram a intenção de medir o grau de felicidade de seus habitantes. Os governantes, espera-se, querem o melhor para seu país, assim como os pais querem o melhor para seus filhos. Mas a ambição de sempre colocar um sorriso no rosto pode ter um efeito contrário. A pressão por ser feliz, condição nada fácil de ser definida, pode acabar reduzindo as chances de as pessoas viverem bem.
“Quero que meus filhos sejam felizes, mas também que encontrem um propósito e conquistem seus objetivos”, diz o americano Martin Seligman, considerado o mestre da psicologia positiva. Depois de estudar a busca da felicidade por mais de 20 anos, ele afirma ser tolice elegê-la como a única ambição na vida. Ex-presidente da Associação Americana de Psicologia, professor da Universidade da Pensilvânia, pai de sete filhos e avô pela quarta vez, Seligman reviu suas teorias e concluiu que é preciso relativizar a importância das emoções positivas. “Perseguir apenas a felicidade é enganoso”, diz Seligman a ÉPOCA. Segundo ele, a felicidade pode tornar a vida um pouco mais agradável. E só. Em seu lugar, o ser humano deveria buscar um objetivo mais simples e fácil de ser contemplado: o bem-estar.

(Letícia Sorg e Juliana Elias, http://revistaepoca.globo.com, 27.05.2011.)


7. (Uftm 2012)  a) Reescreva o trecho – ... Seligman reviu suas teorias e concluiu que é preciso relativizar a importância das emoções positivas. – preservando o sentido do texto e fazendo as adaptações necessárias para substituir a forma verbal concluiu pelo substantivo conclusão.
b) Que atitude deve ser tomada para se relativizar a importância da felicidade, segundo Martin Seligman?


Resposta:

a) Seligman reviu suas teorias e chegou à conclusão de que é preciso relativizar a importância das emoções positivas.
b) Segundo Seligman, é necessário buscar um objetivo mais simples e concreto como o bem-estar.




TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
E dizem que rola um texto na internet com minha assinatura baixando o pau no “Big Brother Brasil”.
Não fui eu que escrevi.
Não poderia escrever nada sobre o “Big Brother Brasil”, a favor ou contra, porque sou um dos três ou quatro brasileiros que nunca o acompanharam.
O pouco que vi do programa, de passagem, zapeando entre canais, só me deixou perplexo: o que, afinal, atraía tanto as pessoas – além do voyeurismo* natural da espécie – numa jaula de gente em exibição?
Também me dizem que, além de textos meus que nunca escrevi, agora frequento a internet com um Twitter.
Aviso: não tenho tuiter, não recebo tuiter, não sei o que é tuiter.
E desautorizo qualquer frase de tuiter atribuída a mim a não ser que ela seja absolutamente genial. Brincadeira, mas já fui obrigado a aceitar a autoria de mais de um texto apócrifo (e agradecer o elogio) para não causar desgosto, ou até revolta. Como a daquela senhora que reagiu com indignação quando eu inventei de dizer que um texto que ela lera não era meu:
— É sim.
— Não, eu acho que...
— É sim senhor!
Concordei que era, para não apanhar. O curioso, e o assustador, é que, em textos de outros com sua assinatura e em tuiters falsos, você passa a ter uma vida paralela dentro das fronteiras infinitas da internet.
É outro você, um fantasma eletrônico com opiniões próprias, muitas vezes antagônicas, sobre o qual você não tem nenhum controle,
— Olha, adorei o que você escreveu sobre o “Big Brother”. É isso aí!
— Não fui eu que...
— Foi sim!

(Luiz Fernando Veríssimo, http://oglobo.globo.com, 30.01.2011. Adaptado.)

* voyeurismo: forma de curiosidade mórbida com relação ao que é privativo, privado ou íntimo.


8. (Uftm 2012)  a) Reescreva os trechos – E dizem que rola um texto na internet com minha assinatura baixando o pau no “Big Brother Brasil”. Não fui eu que escrevi. – unindo os dois períodos em um único, iniciado pela conjunção Embora e com as expressões de uso coloquial substituídas por sinônimos adequados à linguagem formal.
b) Explique o que o advérbio , no trecho – O pouco que vi do programa, de passagem, zapeando entre canais, me deixou perplexo: o que, afinal, atraía tanto as pessoas – além do voyeurismo natural da espécie – numa jaula de gente em exibição? –, revela sobre a opinião do autor acerca do programa “Big Brother Brasil”.


Resposta:

a) Embora não tenha sido eu que escrevi, dizem que está sendo divulgado um texto na internet, com minha assinatura, criticando o “Big Brother Brasil”.
b) O advérbio “só” enfatiza o alto grau de perplexidade experimentada por Luís Fernando Veríssimo e que o impediu de fazer qualquer outra reflexão crítica que não fosse indagar-se sobre a razão de tanta gente se interessar por esse tipo de espetáculo de exibicionismo puro.




TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
TEXTO I

1Durante mais de trinta anos, o bondezinho das dez e quinze, que descia do Silvestre, parava como burro ensinado em frente à casinha de José Maria, e ali encontrava, almoçado e pontual, o velho funcionário.
Um dia, porém, José Maria faltou. O motorneiro batia a sirene. Os passageiros se impacientavam. Floripes correu aflita a avisar o patrão. Achou-o de pijama, estirado na poltrona, querendo rir.
– Seu José Maria, o senhor hoje perdeu a hora! Há muito tempo o motorneiro está a dar sinal.
– Diga-lhe que não preciso mais.
A velha portuguesa não compreendeu.
– Vá, diga que não vou... Que de hoje em diante não irei mais.
A criada chegou à janela, gritou o recado. E o bondezinho desceu sem o seu mais antigo passageiro.
Floripes voltou ao patrão. Interroga-o com o olhar.
– Não sabes que estou aposentado?
(...)
Interrompera da noite para o dia o hábito de esperar o bondezinho, comprar o jornal da manhã, bebericar o café na Avenida, e instalar-se à mesa do Ministério, sisudo e calado, até às dezessete horas.
Que fazer agora?
Não mais informar processos, não mais preocupar-se com o nome e a cara do futuro Ministro.
Pela primeira vez fartava a vista no cenário de águas e montanhas que a bruma fundia.
(...)
4Floripes serviu-lhe o jantar, deixou tudo arrumado, e retirou-se para dormir no barraco da filha.
2Mais do que nunca, sentiu José Maria naquela noite a solidão da casa. Não tinha amigos, não tinha mulher nem amante. E já lera todos os jornais. Havia o telefone, é verdade. Mas ninguém chamava. Lembrava-se que certa vez, há uns quinze anos, aquela fria coisa, pendurada e morta, se aquecera à voz de uma mulher desconhecida. A máquina que apenas servia para recados ao armazém e informações do Ministério transformara-se então em instrumento de música: adquirira alma, cantava quase. De repente, sem motivo, a voz emudecera. E o aparelho voltou a ser na parede do corredor a aranha de metal, 3sempre calada. O sussurro da vida, o sangue de suas paixões passavam longe do telefone de Zé Maria...
Como vencer a noite que mal começava?
(...)
O telefone toca. Quem será? (...)
Era engano! Antes não o fosse. A quem estaria destinada aquela voz carregada de ternura? Preferia que dissesse desaforos, que o xingasse.
(...)
Atirou-se de bruços na cama. E sonhou. Sonhou que conversava ao telefone e era a voz da mulher de há quinze anos... Foi andando para o passado... Abriu-se-lhe uma cidade de montanha, pontilhada de igrejas. E sempre para trás – tinha então dezesseis anos –, ressurgiu-lhe a cidadezinha onde encontrara Duília. Aí parou. E Duília lhe repetiu calmamente aquele gesto, o mais louco e gratuito, com que uma moça pode iluminar para sempre a vida de um homem tímido.
Acordou com raiva de ter acordado, fechou os olhos para dormir de novo e reatar o fio de sonho que trouxe Duília. Mas a imagem esquiva lhe escapou, Duília desapareceu no tempo.
(...)
Toda vez que pensava nela, o longo e inexpressivo interregno* do Ministério que chegava a confundir-se com a duração definitiva de sua própria vida apagava-se-lhe de repente da memória. O tempo contraía-se.
Duília!
Reviu-se na cidade natal com apenas dezesseis anos de idade, a acompanhar a procissão que ela seguia cantando. Foi nessa festa da Igreja, num fim de tarde, que tivera a grande revelação.
Passou a praticar com mais assiduidade a janela. Quanto mais o fazia, mais as colinas da outra margem lhe recordavam a presença corporal da moça. Às vezes chegava a dormir com a sensação de ter deixado a cabeça pousada no colo dela. As colinas se transformavam em seios de Duília. Espantava-se da metamorfose, mas se comprazia na evocação.
(...)
Era o afloramento súbito da namorada (...).

ANÍBAL MACHADO
A morte da porta-estandarte e Tati, a garota e outras histórias. Rio de Janeiro: José Olympio, 1976.

* Interregno: intervalo


9. (Uerj 2012)  No trecho transcrito a seguir há quatro orações, cujos limites estão assinalados por uma barra:

Floripes serviu-lhe o jantar, / deixou tudo arrumado, / e retirou-se / para dormir no barraco da
filha. (ref. 4)

Reescreva esse trecho, passando a primeira oração para a voz passiva e convertendo a segunda em oração adjetiva introduzida por pronome.
Em seguida, indique a classificação sintática e semântica da última oração.


Resposta:

Ao passar a oração principal para a voz passiva e substituir a coordenada assindética por uma subordinada adjetiva, o trecho apresentaria a seguinte configuração: o jantar foi-lhe servido por Floripes, que deixou tudo arrumado, e retirou-se para dormir no barraco da filha. O trecho “para dormir no barraco da filha” constitui uma oração subordinada adverbial final, reduzida de infinitivo. 

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