sábado, 18 de maio de 2013

Sintaxe 2 - questões discursivas com gabarito comentado







1. (Ufmg 2012)  Leia estes trechos, atentando para os conectivos neles destacados:

TRECHO 1

Ouvimos o ferrolho da porta que dava para o corredor interno; era a mãe que abria Eu, uma vez que digo tudo, digo aqui que não tive tempo de soltar as mãos da minha amiga...

MACHADO DE ASSIS, J. M. Dom Casmurro. São Paulo: Globo. 1997. p. 67.

TRECHO 2

Fomos jantar com a minha velha. Já lhe podia chamar assim, posto que os seus cabelos brancos não o fossem todos nem totalmente; e o rosto estivesse comparativamente fresco...

MACHADO DE ASSIS. J. M. Dom Casmurro, São Paulo: Globo, 1997. p.165.

a) Reescreva cada um desses trechos, substituindo o conectivo destacado por outro de igual valor e fazendo as adaptações necessárias.
b) Explicite o tipo de relação que cada um desses conectivos estabelece entre as orações, nos trechos em que estão empregados.


Resposta:

a) Trecho 1: Eu, como (porque, visto que, já que) digo tudo, digo aqui que não tive tempo de soltar as mãos da minha amiga...
Trecho 2: Já lhe podia chamar assim, embora (ainda que, apesar de que, mesmo que) os seus cabelos brancos não o fossem todos nem totalmente; e o rosto estivesse comparativamente fresco...
b) A locução conjuntiva “uma vez que” expressa circunstância de causa e poderia ser substituída por termos equivalentes: como, porque, visto que e já que. A locução “posto que” apresenta noção de concessão da mesma forma que os termos embora, ainda que, apesar de que e mesmo que.



  
2. (Fgv 2012)  Este texto foi extraído de um conto de Monteiro Lobato, cujo personagem principal enlouquece, quando vê seu cafezal inteiramente destruído pela geada.

E a geada veio! Não geadinha mansa de todos os anos, mas calamitosa, geada cíclica, trazida em ondas do Sul.
O sol da tarde, mortiço, dera uma luz sem luminosidade, e raios sem calor nenhum. Sol boreal, tiritante. E a noite caíra sem preâmbulos.
Deitei-me cedo, batendo o queixo, e na cama, apesar de enleado em dois cobertores, permaneci entanguido uma boa hora antes que ferrasse no sono. Acordou-me o sino da fazenda, pela madrugada. Sentindo-me enregelado, com os pés a doerem, ergui-me para um exercício violento. Fui para o terreiro.
O relento estava de cortar as carnes – mas que maravilhoso espetáculo! Brancuras por toda a parte. Chão, árvores, gramados e pastos eram, de ponta a ponta, um só atoalhado branco. As árvores imóveis, inteiriçadas de frio, pareciam emersas dum banho de cal. Rebrilhos de gelo pelo chão. Águas envidradas. As roupas dos varais, tesas, como endurecidas em goma forte. As palhas do terreiro, os sabugos de ao pé do cocho, a telha dos muros, o topo dos moirões, a vara das cercas, o rebordo das tábuas – tudo polvilhado de brancuras, lactescente, como chovido por um suco de farinha. Maravilhoso quadro! Invariável que é a nossa paisagem, sempre nos mansos tons do ano inteiro, encantava sobremodo vê-la súbito mudar, vestir-se dum esplendoroso véu de noiva – noiva da morte, ai!...

Monteiro Lobato, O drama da geada, in Negrinha. São Paulo: Brasiliense, 1951.

a) Em outra passagem do conto, o narrador afirma: “Só então me acudiu que o belo espetáculo que eu até ali só encarara pelo prisma estético tinha um reverso trágico: a morte do heroico fazendeiro”. O que o narrador chama de “prisma estético” pode ser identificado no excerto aqui reproduzido? Justifique sua resposta.
b) Tendo em vista as variedades linguísticas da língua portuguesa, justifica-se o emprego, no texto, de expressões como “geadinha mansa”, “batendo o queixo” e “ferrasse no sono”? Explique.
c) As frases nominais podem ser usadas nas descrições esquemáticas. Esse tipo de recurso foi usado no texto? Justifique sua resposta.


Resposta:

a) Sim, pois a descrição da paisagem nevada está repleta de expressões que traduzem a subjetividade do emissor, sensível ao espetáculo inesperado e surpreendente: “mas que maravilhoso espetáculo”, “mas que maravilhoso espetáculo”, “Maravilhoso quadro!”.
b) Sim, já que se trata de expressões típicas da linguagem popular, reveladoras do contexto a que pertence o personagem, homem do meio rural que foi surpreendido por um acontecimento invulgar e de grande beleza.
c) Sim, a descrição é feita também através de frases nominais, ou seja, frases construídas sem verbos (“Rebrilhos de gelo pelo chão. Águas envidradas. As roupas dos varais, tesas, como endurecidas em goma forte”).




TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Não passa de asneira a recorrente ideia de que a corrupção é monopólio do governo, e a sociedade, sua vítima. A corrupção é, em larga medida, resultado de uma sociedade que não fiscaliza e, pior, em que alguns setores de elite são coniventes com as mais diferentes modalidades de mazelas, que vão de sonegar impostos até subornar o guarda. Estamos inventando até mesmo a fraude com doutorado.
A Folha divulgou detalhes do mercado da venda de dissertações de mestrado e de doutorado, por valores altos. Podem-se encontrar os vendedores abertamente na internet, todos eles, claro, titulados. Mas a verdade é que, junto com seus clientes, eles participam de uma fraude.

(Gilberto Dimenstein. Folha Online, 08/11/2005. Adaptado.)


3. (Ufpe 2012)  Incoerências, em um texto, podem ser causadas por diversos fatores, como transgressões de natureza sintática, relações semânticas impróprias entre orações, escolhas lexicais inadequadas, dentre vários outros. A tentativa de compreensão do texto de Dimenstein levou certo leitor a formular a seguinte conclusão:
“Segundo Dimenstein, a prática da corrupção implica a não fiscalização da sociedade e a conivência de alguns setores de elite.”

a) Essa conclusão é coerente? Justifique seu ponto de vista.
b) Como você formularia sua própria conclusão?


Resposta:

a) A conclusão do leitor é incoerente com a posição defendida por Gilberto Dimenstein. Na oração destacada afirma-se que é a corrupção que provoca a falta de fiscalização e a conivência de alguns setores da elite com esse tipo de infração, ou seja, o leitor inverteu os fatores de causa e consequência mencionados pelo jornalista.
b) Segundo Dimenstein, a corrupção é resultado de uma sociedade que não exerce vigilância suficiente e é muitas vezes conivente com atitudes que revertem para benefício próprio, em prejuízo do Estado ou do bem público.




TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Geração Canguru
Gilberto Dimenstein

Ao mapear novas tendências de consumo no Brasil, publicitários acreditam ter detectado a "Geração Canguru". São jovens bem-sucedidos profissionalmente, têm entre 25 e 30 anos de idade e vivem na casa dos pais. O interesse neles é óbvio: compõem um nicho de consumidores com alto poder aquisitivo.

Ainda na "bolsa" da mãe, eles mostram que mudaram as fronteiras entre o jovem e o adulto. Até pouquíssimo tempo atrás, um marmanjão de 30 anos, enfiado na casa dos pais, seria visto como uma anomalia, suspeito de algum desequilíbrio emocional que retardou seu crescimento.

O efeito "canguru" revela que pais e filhos estão mutuamente mais compreensivos e tolerantes, capazes de lidar com suas diferenças. Para quem se lembra dos conflitos familiares do passado, marcados pelo choque de gerações, os "cangurus" até sugerem um grau de civilidade. Não é tão simples assim.

Estudos de publicitários divulgados nas últimas semanas indicam um lado tumultuado – e nem um pouco saudável – dessa relação familiar. Por trás das frias estatísticas sobre tendência do mercado, a pergunta que aparece é a seguinte: até que ponto os brasileiros mais ricos estão paparicando a tal ponto seus filhos que produzem indivíduos com baixa autonomia?

Ao investigar uma amostra de 1.500 mães e filhos, no Rio e em São Paulo, a TNS InterScience concluiu que 82% das crianças e dos adolescentes influenciam fortemente as compras das famílias. A pressão é especialmente intensa nas classes A e B, cujas crianças, segundo os pesquisadores, empregam cada vez mais a estratégia das birras públicas para ganhar, na marra, o objeto de desejo.

Com medo das birras, as mães tentam, segundo a pesquisa, driblar os filhos e não levá-los às compras, especialmente nos supermercados, mas, muitas vezes, acabam cedendo. Os responsáveis pelo levantamento da InterScience atribuem parte do problema ao sentimento de culpa. Isso porque, devido ao excesso de trabalho, os pais ficam muito tempo longe de casa e querem compensar a ausência com presentes.

Uma pesquisa encomendada pelo Núcleo Jovem da Abril detectou que muitos dos novos consumidores vivem uma ansiedade tamanha que nem sequer usufruem o que levam para casa. Já estão esperando o produto que vai sair. É ninfomania consumista. Jovens relataram que nunca usaram, nem mesmo uma vez, roupas que adquiriram. Aposentam aparelhos eletrodomésticos comprados recentemente porque já estariam defasados.

Psicólogos suspeitam que essa atitude seja uma fuga para aplacar a ansiedade e a carência, provocadas, em parte, pela falta de limite. Imaginando-se modernos, pais tentam ser amigos de seus filhos e, assim, desfaz-se a obrigação de dizer não e enfrentar o conflito. O resultado é, no final, uma desconfiança, explicitada pelos entrevistados, ainda maior em relação aos adultos.

Outro estudo, desta vez patrocinado pela MTV, detectou um início de tendência entre os jovens de insatisfação diante de pais extremamente permissivos. Estão demandando adultos mais pais do que amigos. Para complicar ainda mais a insegurança das crianças e dos adolescentes, a violência nas grandes cidades leva os pais, compreensivelmente, a pilotar os filhos pelas madrugadas, para saber se não sofreram uma violência. Brincar nas ruas está desaparecendo da paisagem urbana, ajudando a formar seres obesos, presos ao computador.

Há pencas de estudo mostrando como a brincadeira, dessas em que nos sujamos, ralamos o joelho na árvore, ajuda a desenvolver a criatividade, o senso de autonomia e de cooperação. É um espaço de estímulo à imaginação.

Todos sabemos como é difícil alguém prosperar, com autonomia, se não souber lidar com a frustração. Muito se estuda sobre a importância da resiliência – a capacidade de levar tombos e levantar como um elemento educativo fundamental.

Professores contam, cada vez mais, como os alunos não têm paciência de construir o conhecimento e desistem logo quando as tarefas se complicam um pouco. Por isso, entre outras razões, os alunos decepcionam-se rapidamente na faculdade que exige mais foco em poucos assuntos.

Os educadores alertam que muitos jovens têm dificuldade de postergar o prazer e buscam a realização imediata dos desejos; respondem exatamente ao bombardeamento publicitário, inclusive na ingestão de álcool, como vamos testemunhar, mais uma vez, nas propagandas de cerveja neste verão. Daí o risco de termos "cangurus" que fiquem cada vez mais na bolsa (e no bolso) dos pais.

P.S. – Em todos esses anos lidando com educação comunitária, posso assegurar que uma das melhores coisas que as escolas de elite podem fazer por seus alunos é estimulá-los ao empreendedorismo social. É um notável treino para enfrentar desafios. Enfrentam-se em asilos, creches e favelas os limites e as carências. Conheci casos e mais casos de alunos problemáticos que mudaram sua cabeça ao desenvolver uma ação comunitária e passaram, até mesmo, a valorizar o aprendizado curricular.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/dimenstein/colunas/gd121205.htm


4. (Ufjf 2012)  Leia novamente:

Todos sabemos como é difícil alguém prosperar, com autonomia, se não souber lidar com a frustração.”

a) Explique a concordância entre o sujeito e o verbo na parte acima destacada.
b) Compare a concordância acima (Todos sabemos) com: “Todos sabem como é difícil...”. Qual é a principal diferença no impacto discursivo produzido pelas duas formas? Justifique sua resposta.


Resposta:

a) O uso da primeira pessoa no termo verbal “sabemos” indica que o pronome indefinido “todos” faz parte de uma locução pronominal indefinida em que o pronome “nós” está subentendido (todos nós), formando uma silepse de pessoa.
b) A preferência por esse tipo de concordância permite perceber a inclusão do autor na ideia que apresenta, o que não aconteceria se usasse a forma “todos sabem”, na medida em que o verbo na terceira pessoa do plural conferiria noção vaga e indeterminada a quem compartilha dessa opinião.




TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
A crise da Europa é hoje o maior risco para a economia mundial, disse o secretário do Tesouro dos Estados Unidos da América, referindo-se à tensão entre os bancos e os governos endividados. Disse, ainda, que a China e outros 1países emergentes com superavit nas contas têm espaço 5bastante para 2estimular o consumo interno, 3aumentar as importações e 4compensar a fraca demanda nas economias desenvolvidas. Para isso, os governos desses países deveriam deixar suas moedas valorizar-se. Em outras palavras, o câmbio subvalorizado da China resulta em valorização real das moedas de outros países emergentes, torna seus produtos mais caros e diminui seu poder de competição no comércio internacional.

Rolf Kuntz. O Estado de S.Paulo, 25/9/2011.


5. (Unb 2012)  Com referência às ideias do texto acima, aos temas a ele associados e às estruturas nele empregadas, julgue os itens a seguir.

a) No segundo período do texto, as estruturas oracionais com as formas infinitivas “estimular”, (ref. 2) “aumentar” (ref. 3) e “compensar” (ref. 4) estão associadas à possibilidade de não se realizar foneticamente o sujeito das respectivas orações, o que assegura, portanto, interpretação ligada à referência indeterminada do sujeito das orações que têm como núcleo do predicado essas formas verbais.
b) No que se refere a aspectos semânticos e morfossintáticos, “bastante” (ref. 5) equivale ao adjetivo suficiente e concorda com o substantivo que o antecede, ainda que apenas em número.


Resposta:

a) Incorreto.
b) Correto.

É incorreto o que se afirma em [A], pois o sujeito não expresso das orações adverbiais finais reduzidas de infinitivo (passíveis de serem desenvolvidas e substituídas por para que estimulem, para que aumentem, para que compensem) não é indeterminado e sim, desinencial, estabelecendo relação anafórica com “China e outros países emergentes”.




TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
No processo da Revolução Francesa, quando destruíram os últimos resquícios do feudalismo na eufórica noite de 4 de agosto de 1789, os deputados concordaram em manter o dízimo da Igreja, 2em vez de simplesmente aboli-lo sem qualquer compensação. Mas, desde então, 1houve sinais de que a promessa seria abandonada. “Eles desejam ser livres, mas não sabem ser justos”, reclamou o abade de Seyès, referindo-se a alguns colegas da Assembleia. Robespierre não era nem antipadres nem anticlerical; 3é difícil determinar sua posição quanto ao futuro da Igreja na Revolução. Às vezes, era veemente crítico e, em outras vezes, retornava à interpretação da doutrina cristã, pois, a seu ver, o cristianismo era a religião dos pobres e daqueles de coração puro — riqueza chamativa e luxo não deveriam fazer parte dele. Os pobres, segundo ele, eram oprimidos não apenas pela fome, mas também pelo espetáculo escandaloso de clérigos autoindulgentes, 4que esbanjavam insensivelmente o que 5pertencia aos pobres por direito.

Ruth Scurr. Pureza fatal: Robespierre e a Revolução Francesa. Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2009, p. 140-1 (com adaptações).


6. (Unb 2012)  Com base no texto acima, julgue os itens subsequentes.

a) No trecho “houve sinais de que a promessa seria abandonada” (ref. 1), o substantivo “promessa” tem como referente o trecho “em vez de simplesmente aboli-lo sem qualquer compensação” (ref. 2).
b) O trecho “é difícil determinar sua posição quanto ao futuro da Igreja na Revolução” (ref. 3) pode ser substituído corretamente por quanto ao futuro da Igreja, é difícil determinar, na Revolução, a posição de Robespierre.
c) No trecho “que esbanjavam insensivelmente o que pertencia aos pobres por direito” (ref. 4), o complemento direto de “esbanjavam” é modificado por uma oração adjetiva.
d) A estrutura “pertencia aos pobres por direito” (ref. 5) pode ser substituída corretamente por era um direito dos pobres.


Resposta:

a) Incorreto.
b) Incorreto.
c) Correto.
d) Incorreto.

As afirmações transcritas em [A] e [B] e [D] são incorretas, pois:

Em [A], o substantivo “promessa” remete a “manter o dízimo da igreja”.
Em [B], a alteração sugerida alteraria o sentido da frase original, já que o adjunto adverbial “na revolução” remete a “futuro da igreja” e não à indicação da posição de Robespierre durante o processo revolucionário.
Em [D], a expressão “por direito” na frase “pertencia aos pobres por direito” alude a um poder legítimo, mas não legalizado, enquanto a sugerida para substituição sugere uma prerrogativa passível de ser exigida por estar consignada em lei.




TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
A resposta de qualquer pai ou mãe, questionado sobre o que deseja para os filhos, está sempre na ponta da língua: “Só quero que sejam felizes”. A frase não deixa dúvidas de que, numa sociedade moderna, livre de muitas das restrições morais e culturais do passado, a felicidade é vista como a maior realização de um indivíduo. Até governos nacionais se viram na obrigação de fazer algo a respeito. Neste ano, a China e o Reino Unido anunciaram a intenção de medir o grau de felicidade de seus habitantes. Os governantes, espera-se, querem o melhor para seu país, assim como os pais querem o melhor para seus filhos. Mas a ambição de sempre colocar um sorriso no rosto pode ter um efeito contrário. A pressão por ser feliz, condição nada fácil de ser definida, pode acabar reduzindo as chances de as pessoas viverem bem.
“Quero que meus filhos sejam felizes, mas também que encontrem um propósito e conquistem seus objetivos”, diz o americano Martin Seligman, considerado o mestre da psicologia positiva. Depois de estudar a busca da felicidade por mais de 20 anos, ele afirma ser tolice elegê-la como a única ambição na vida. Ex-presidente da Associação Americana de Psicologia, professor da Universidade da Pensilvânia, pai de sete filhos e avô pela quarta vez, Seligman reviu suas teorias e concluiu que é preciso relativizar a importância das emoções positivas. “Perseguir apenas a felicidade é enganoso”, diz Seligman a ÉPOCA. Segundo ele, a felicidade pode tornar a vida um pouco mais agradável. E só. Em seu lugar, o ser humano deveria buscar um objetivo mais simples e fácil de ser contemplado: o bem-estar.

(Letícia Sorg e Juliana Elias, http://revistaepoca.globo.com, 27.05.2011.)


7. (Uftm 2012)  a) Reescreva o trecho – ... Seligman reviu suas teorias e concluiu que é preciso relativizar a importância das emoções positivas. – preservando o sentido do texto e fazendo as adaptações necessárias para substituir a forma verbal concluiu pelo substantivo conclusão.
b) Que atitude deve ser tomada para se relativizar a importância da felicidade, segundo Martin Seligman?


Resposta:

a) Seligman reviu suas teorias e chegou à conclusão de que é preciso relativizar a importância das emoções positivas.
b) Segundo Seligman, é necessário buscar um objetivo mais simples e concreto como o bem-estar.




TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
E dizem que rola um texto na internet com minha assinatura baixando o pau no “Big Brother Brasil”.
Não fui eu que escrevi.
Não poderia escrever nada sobre o “Big Brother Brasil”, a favor ou contra, porque sou um dos três ou quatro brasileiros que nunca o acompanharam.
O pouco que vi do programa, de passagem, zapeando entre canais, só me deixou perplexo: o que, afinal, atraía tanto as pessoas – além do voyeurismo* natural da espécie – numa jaula de gente em exibição?
Também me dizem que, além de textos meus que nunca escrevi, agora frequento a internet com um Twitter.
Aviso: não tenho tuiter, não recebo tuiter, não sei o que é tuiter.
E desautorizo qualquer frase de tuiter atribuída a mim a não ser que ela seja absolutamente genial. Brincadeira, mas já fui obrigado a aceitar a autoria de mais de um texto apócrifo (e agradecer o elogio) para não causar desgosto, ou até revolta. Como a daquela senhora que reagiu com indignação quando eu inventei de dizer que um texto que ela lera não era meu:
— É sim.
— Não, eu acho que...
— É sim senhor!
Concordei que era, para não apanhar. O curioso, e o assustador, é que, em textos de outros com sua assinatura e em tuiters falsos, você passa a ter uma vida paralela dentro das fronteiras infinitas da internet.
É outro você, um fantasma eletrônico com opiniões próprias, muitas vezes antagônicas, sobre o qual você não tem nenhum controle,
— Olha, adorei o que você escreveu sobre o “Big Brother”. É isso aí!
— Não fui eu que...
— Foi sim!

(Luiz Fernando Veríssimo, http://oglobo.globo.com, 30.01.2011. Adaptado.)

* voyeurismo: forma de curiosidade mórbida com relação ao que é privativo, privado ou íntimo.


8. (Uftm 2012)  a) Reescreva os trechos – E dizem que rola um texto na internet com minha assinatura baixando o pau no “Big Brother Brasil”. Não fui eu que escrevi. – unindo os dois períodos em um único, iniciado pela conjunção Embora e com as expressões de uso coloquial substituídas por sinônimos adequados à linguagem formal.
b) Explique o que o advérbio , no trecho – O pouco que vi do programa, de passagem, zapeando entre canais, me deixou perplexo: o que, afinal, atraía tanto as pessoas – além do voyeurismo natural da espécie – numa jaula de gente em exibição? –, revela sobre a opinião do autor acerca do programa “Big Brother Brasil”.


Resposta:

a) Embora não tenha sido eu que escrevi, dizem que está sendo divulgado um texto na internet, com minha assinatura, criticando o “Big Brother Brasil”.
b) O advérbio “só” enfatiza o alto grau de perplexidade experimentada por Luís Fernando Veríssimo e que o impediu de fazer qualquer outra reflexão crítica que não fosse indagar-se sobre a razão de tanta gente se interessar por esse tipo de espetáculo de exibicionismo puro.




TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
TEXTO I

1Durante mais de trinta anos, o bondezinho das dez e quinze, que descia do Silvestre, parava como burro ensinado em frente à casinha de José Maria, e ali encontrava, almoçado e pontual, o velho funcionário.
Um dia, porém, José Maria faltou. O motorneiro batia a sirene. Os passageiros se impacientavam. Floripes correu aflita a avisar o patrão. Achou-o de pijama, estirado na poltrona, querendo rir.
– Seu José Maria, o senhor hoje perdeu a hora! Há muito tempo o motorneiro está a dar sinal.
– Diga-lhe que não preciso mais.
A velha portuguesa não compreendeu.
– Vá, diga que não vou... Que de hoje em diante não irei mais.
A criada chegou à janela, gritou o recado. E o bondezinho desceu sem o seu mais antigo passageiro.
Floripes voltou ao patrão. Interroga-o com o olhar.
– Não sabes que estou aposentado?
(...)
Interrompera da noite para o dia o hábito de esperar o bondezinho, comprar o jornal da manhã, bebericar o café na Avenida, e instalar-se à mesa do Ministério, sisudo e calado, até às dezessete horas.
Que fazer agora?
Não mais informar processos, não mais preocupar-se com o nome e a cara do futuro Ministro.
Pela primeira vez fartava a vista no cenário de águas e montanhas que a bruma fundia.
(...)
4Floripes serviu-lhe o jantar, deixou tudo arrumado, e retirou-se para dormir no barraco da filha.
2Mais do que nunca, sentiu José Maria naquela noite a solidão da casa. Não tinha amigos, não tinha mulher nem amante. E já lera todos os jornais. Havia o telefone, é verdade. Mas ninguém chamava. Lembrava-se que certa vez, há uns quinze anos, aquela fria coisa, pendurada e morta, se aquecera à voz de uma mulher desconhecida. A máquina que apenas servia para recados ao armazém e informações do Ministério transformara-se então em instrumento de música: adquirira alma, cantava quase. De repente, sem motivo, a voz emudecera. E o aparelho voltou a ser na parede do corredor a aranha de metal, 3sempre calada. O sussurro da vida, o sangue de suas paixões passavam longe do telefone de Zé Maria...
Como vencer a noite que mal começava?
(...)
O telefone toca. Quem será? (...)
Era engano! Antes não o fosse. A quem estaria destinada aquela voz carregada de ternura? Preferia que dissesse desaforos, que o xingasse.
(...)
Atirou-se de bruços na cama. E sonhou. Sonhou que conversava ao telefone e era a voz da mulher de há quinze anos... Foi andando para o passado... Abriu-se-lhe uma cidade de montanha, pontilhada de igrejas. E sempre para trás – tinha então dezesseis anos –, ressurgiu-lhe a cidadezinha onde encontrara Duília. Aí parou. E Duília lhe repetiu calmamente aquele gesto, o mais louco e gratuito, com que uma moça pode iluminar para sempre a vida de um homem tímido.
Acordou com raiva de ter acordado, fechou os olhos para dormir de novo e reatar o fio de sonho que trouxe Duília. Mas a imagem esquiva lhe escapou, Duília desapareceu no tempo.
(...)
Toda vez que pensava nela, o longo e inexpressivo interregno* do Ministério que chegava a confundir-se com a duração definitiva de sua própria vida apagava-se-lhe de repente da memória. O tempo contraía-se.
Duília!
Reviu-se na cidade natal com apenas dezesseis anos de idade, a acompanhar a procissão que ela seguia cantando. Foi nessa festa da Igreja, num fim de tarde, que tivera a grande revelação.
Passou a praticar com mais assiduidade a janela. Quanto mais o fazia, mais as colinas da outra margem lhe recordavam a presença corporal da moça. Às vezes chegava a dormir com a sensação de ter deixado a cabeça pousada no colo dela. As colinas se transformavam em seios de Duília. Espantava-se da metamorfose, mas se comprazia na evocação.
(...)
Era o afloramento súbito da namorada (...).

ANÍBAL MACHADO
A morte da porta-estandarte e Tati, a garota e outras histórias. Rio de Janeiro: José Olympio, 1976.

* Interregno: intervalo


9. (Uerj 2012)  No trecho transcrito a seguir há quatro orações, cujos limites estão assinalados por uma barra:

Floripes serviu-lhe o jantar, / deixou tudo arrumado, / e retirou-se / para dormir no barraco da
filha. (ref. 4)

Reescreva esse trecho, passando a primeira oração para a voz passiva e convertendo a segunda em oração adjetiva introduzida por pronome.
Em seguida, indique a classificação sintática e semântica da última oração.


Resposta:

Ao passar a oração principal para a voz passiva e substituir a coordenada assindética por uma subordinada adjetiva, o trecho apresentaria a seguinte configuração: o jantar foi-lhe servido por Floripes, que deixou tudo arrumado, e retirou-se para dormir no barraco da filha. O trecho “para dormir no barraco da filha” constitui uma oração subordinada adverbial final, reduzida de infinitivo. 

Link para questões de outras disciplinas:
 

sábado, 11 de maio de 2013

Exercícios de interpretação de texto - questões recentes com gabarito comentado.






1. (Uerj 2013)  Mestre

Mestre, são 1plácidas
Todas as horas
Que nós perdemos,
Se no perdê-las,
Qual numa jarra,
Nós pomos flores.

Não há tristezas
Nem alegrias
Na nossa vida.
Assim saibamos,
Sábios 2incautos,
Não a viver,

Mas decorrê-la,
Tranquilos, plácidos,
Tendo as crianças
Por nossas mestras,
E os olhos cheios
De Natureza...

À beira-rio,
À beira-estrada,
3Conforme calha,
Sempre no mesmo
Leve descanso
De estar vivendo.

O tempo passa,
Não nos diz nada.
Envelhecemos.
Saibamos, quase
Maliciosos,
Sentir-nos ir.

Não vale a pena
Fazer um gesto.
Não se resiste
Ao deus atroz
Que os próprios filhos
Devora sempre.

Colhamos flores.
Molhemos leves
As nossas mãos
Nos rios calmos,
Para aprendermos
Calma também.

Girassóis sempre
Fitando o sol,
Da vida iremos
Tranquilos, tendo
Nem o remorso
De ter vivido.


RICARDO REIS
Pessoa, Fernando. Obra poética. Rio de Janeiro: Aguilar, 1999.

(1) plácidas - calmas
(2) incautos - desprevenidos
(3) conforme calha - conforme seja

Na 1ª estrofe do poema, para construir o sentido geral do texto, o poeta faz uma referência à expressão perder tempo, dando-lhe, entretanto, outro sentido, diferente do usual.
Explique o sentido usual da expressão perder tempo e apresente, também, o sentido que essa mesma expressão assume no poema.


Resposta:

Na linguagem usual, a expressão “perder tempo” tem sentido negativo, sugerindo ações inúteis, ou seja, desenvolver atividades sem proveito algum. No poema, a mesma expressão é vista de maneira positiva, no sentido de vivenciar melhor o tempo que se tem ou aceitar a passagem natural do tempo.



  
2. (Pucrj 2013)  Texto 1
Espalham-se, por fim, as sombras da noite.
O sertanejo que de nada cuidou, que não ouviu as harmonias da tarde, nem reparou nos esplendores do céu, que não viu a tristeza a pairar sobre a terra, que de nada se arreceia, consubstanciado como está com a solidão, para, relanceia os olhos ao derredor de si e, se no lagar pressente alguma aguada, por má que seja, apeia-se, desencilha o cavalo e reunindo logo uns gravetos bem secos, tira fogo do isqueiro, mais por distração do que por necessidade.
Sente-se deveras feliz. Nada lhe perturba a paz do espírito ou o bem-estar do corpo. Nem sequer monologa, como qualquer homem acostumado a conversar.
Raros são os seus pensamentos: ou rememora as léguas que andou, ou computa as que tem que vencer para chegar ao término da viagem.
No dia seguinte, quando aos clarões da aurora acorda toda aquela esplêndida natureza, recomeça ele a caminhar, como na véspera, como sempre.
Nada lhe parece mudado no firmamento: as nuvens de si para si são as mesmas. Dá-lhe o Sol, quando muito, os pontos cardeais, e a terra só lhe prende a atenção, quando algum sinal mais particular pode servir-lhe de marco miliário na estrada que vai trilhando.

TAUNAY, Visconde de. Inocência. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000002.pdf>. Acesso em: 20 set. 2012.

Texto 2
Na planície avermelhada, os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da caatinga rala.
Arrastaram-se para lá, devagar, Sinhá Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro. O menino mais velho e a cachorra Baleia iam atrás.
Os juazeiros aproximaram-se, recuaram, sumiram-se. O menino mais velho pôs-se a chorar, sentou-se no chão.
– Anda, condenado do diabo, gritou-lhe o pai.
Não obtendo resultado, fustigou-o com a bainha da faca de ponta. Mas o pequeno esperneou acuado, depois sossegou, deitou-se, fechou os olhos. Fabiano ainda lhe deu algumas pancadas e esperou que ele se levantasse. Como isto não acontecesse, espiou os quatro cantos, zangado, praguejando baixo.
A caatinga estendia-se, de um vermelho indeciso salpicado de manchas brancas que eram ossadas. O voo negro dos urubus fazia círculos altos em redor de bichos moribundos.
– Anda, excomungado.
O pirralho não se mexeu, e Fabiano desejou matá-lo. Tinha o coração grosso, queria responsabilizar alguém pela sua desgraça. A seca aparecia-lhe como um fato necessário – e a obstinação da criança irritava-o. Certamente esse obstáculo miúdo não era culpado, mas dificultava a marcha, e o vaqueiro precisava chegar, não sabia onde.

RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. Rio de Janeiro: Record, 1986, pp. 9-10.

a) Há uma série de pontos que aproximam e distanciam o texto 1 do texto 2. Comente, utilizando as suas próprias palavras, as diferenças que podem ser percebidas em relação à tipologia humana e à descrição da natureza nas duas narrativas.
b) A partir da identificação do estilo de época a que o Visconde de Taunay e Graciliano Ramos estão filiados, discuta, tomando como referência os textos acima, a visão que ambos têm da figura do sertanejo, personagem emblemática na Literatura Brasileira.


Resposta:

a) No texto de Taunay, o sertanejo é representado como destemido e corajoso, acolhido por uma natureza exuberante. No texto de Graciliano, o homem cansado, faminto e miserável, é repelido pela aridez da natureza.
b) Na visão romântica de Taunay há uma idealização da figura do sertanejo, caracterizado muitas vezes como um herói integrado à natureza. Na visão modernista de Graciliano, o sertanejo é apresentado como vítima de um processo de exploração e degradação político-social.




TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Texto 1

A história dos povos está atravessada pela viagem, como realidade ou metáfora. 1Todas as formas de sociedade, compreendendo tribos e clãs, nações e nacionalidades, colônias e impérios, trabalham e retrabalham a viagem, seja como modo de descobrir o “outro”, seja como modo de descobrir o “eu”. É como se a viagem, o viajante e a sua narrativa revelassem todo o tempo o que se sabe e o que não se sabe, o conhecido e o desconhecido, o próximo e o remoto, o real e o virtual. A viagem pode ser breve ou demorada, instantânea ou de longa duração, delimitada ou interminável, passada, presente ou futura. Também pode ser peregrina, mercantil ou conquistadora, tanto quanto turística, missionária ou aventurosa. Pode ser filosófica, artística ou científica. Em geral, a viagem compreende várias significações e conotações, simultâneas, complementares ou mesmo contraditórias. São muitas as formas das viagens reais ou imaginárias, demarcando momentos ou épocas mais ou menos notáveis da vida de indivíduos, famílias, grupos, coletividades, povos, tribos, clãs, nações, nacionalidades, culturas e civilizações. São muitos os que buscam o desconhecido, a experiência insuspeitada, a surpresa da novidade, a tensão escondida nas outras formas de ser, sentir, agir, realizar, lutar, pensar ou imaginar.

IANNI, Octavio. A metáfora da viagem. In: IANNI, Octavio. Enigmas da Modernidade-Mundo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000. p. 13-14.


3. (Pucrj 2013)  Responda.
a) Identifique, no trecho abaixo, a palavra que denota uma ação recorrente das sociedades no tratamento do tema viagem.
“Todas as formas de sociedade, compreendendo tribos e clãs, nações e nacionalidades, colônias e impérios, trabalham e retrabalham a viagem, seja como modo de descobrir o ‘outro’, seja como modo de descobrir o ‘eu’.” (ref. 1)
b) Segundo Octavio Ianni, “a viagem compreende várias significações e conotações, simultâneas, complementares ou mesmo contraditórias”. Ao longo do texto, o autor relaciona a noção de viagem a traços distintos e opostos entre si.
Observando os recursos coesivos empregados, faça o que é pedido a seguir.
i. Transcreva a passagem em que esses traços distintos estão contidos simultaneamente na noção de viagem.
ii. Transcreva a passagem em que esses traços distintos são postos de forma excludente na caracterização de viagem.
c) Mantendo o sentido original, reescreva a frase abaixo sem empregar a expressão em destaque. Faça alterações, se necessárias.
“A viagem também pode ser peregrina, mercantil ou conquistadora, tanto quanto turística, missionária ou aventurosa”.


Resposta:

a) Retrabalham ou descobrir.
b)
i. “É como se a viagem, o viajante e a sua narrativa revelassem todo o tempo o que se sabe e o que não se sabe, o conhecido e o desconhecido, o próximo e o remoto, o real e o virtual.”
ii. “A viagem pode ser breve ou demorada, instantânea ou de longa duração, delimitada ou interminável, passada, presente ou futura.”
c) A viagem também pode ser peregrina, mercantil ou conquistadora, assim como/ bem como/da mesma forma que turística, missionária ou aventurosa.




TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Língua

Esta língua é como um elástico
que espicharam pelo mundo.

No início era tensa,
de tão clássica.

Com o tempo, se foi amaciando,
foi-se tornando romântica,
incorporando os termos nativos
e amolecendo nas folhas de bananeira
as expressões mais sisudas.

Um elástico que já não se pode
mais trocar, de tão usado;
nem se arrebenta mais, de tão forte.

Um elástico assim como é a vida
que nunca volta ao ponto de partida.

GILBERTO MENDONÇA TELES
Hora aberta: poemas reunidos. Rio de Janeiro: José Olympio; Brasília: INL, 1986.  


4. (Uerj 2013)  A terceira estrofe do poema Língua faz referência a uma importante transformação na expressão literária da língua portuguesa no Brasil.
Identifique o movimento artístico que se relaciona diretamente com essa transformação, situando-o cronologicamente. Em seguida, transcreva um trecho que comprove essa transformação e explique-o.


Resposta:

Trata-se do Romantismo brasileiro de cunho nativista, movimento artístico vinculado à segunda metade do século XIX, em que os escritores incorporavam palavras regionais e indígenas à língua portuguesa (“incorporando os termos nativos”), adequando-a à realidade e à natureza brasileiras (“amolecendo nas folhas de bananeira / as expressões mais sisudas”).




TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
As descontroladas

As primeiras mulheres que passaram na calçada da Rio Branco chamavam-se melindrosas. Eram um tanto afetadas, com seu vestido de cintura baixa e longas franjas, mas a julgar por uma caricatura célebre de J. Carlos tinham sempre uma multidão de almofadinhas correndo atrás. O mundo, cem anos depois, mudou pouco no essencial. Diz-se agora que o homem “corre atrás do prejuízo”. De resto, porém, a versão nacional do assim caminha a humanidade segue o mesmo cortejo de sempre pela Rio Branco — com o detalhe que as mulheres trocaram as franjas pelo cós baixo da calça da Gang. E, evidentemente, não são mais chamadas de melindrosas.

Elas já atenderam por vários nomes. Uma “uva” era aquela que, de tão suculenta e bem-feita de curvas, devia abrir as folhas de sua parreira e deliciar os machos com a eternidade de sua sombra. 1Há cem anos as mulheres que circulam pela Rio Branco já foram chamadas de tudo e, diga-se a bem da verdade, algumas atenderam. Por aqui 3passou o “broto”, o “avião”, o “violão”, a “certinha”, o “pedaço”, a “deusa”, a “boazuda”, o “pitéu”, a “gata” e tantas outras que podem não estar mais no mapa, como as mulatas do Sargentelli, mas já estão no Houaiss eletrônico. Houve um momento que, de tão belas, chegaram a ficar perigosas. Chamavam-nas “pedaço de mau caminho” ou “chave de cadeia”. Algumas, de carne tão tenra, eram “frangas”.

Havia, de um modo geral, um louvor respeitoso na identificação de cada um desses tipos que sucederam as melindrosas. Gosto de lembrar daquela, ali pelo início dos 60, que era um “suco”. Talvez porque sucedesse o tipo de “uva” e fosse tão aperfeiçoada no inevitável processo de evolução da espécie que já viesse sem casca e, principalmente, sem os caroços. Sempre prontinhas para beber. De uns tempos para cá, quando se pensava que na esquina surgiria um vinho de safra especial, a coisa avinagrou. As mulheres ficam cada vez mais lindas mas os homens, na hora de homenageá-las, inventam rótulos de carinho duvidoso. O “broto”, o “violão” e o “pitéu” na versão arroba ponto com 2000 era a “popozuda”. Depois, software 2001, veio a “cachorra”, a “sarada”. Pasmem: era elogio. Algumas continuavam atendendo.

Agora está entrando em cena, perfilada num funk do grupo As Panteras — um rótulo que, a propósito, notou a evolução das “gatas” —, a mulher do tipo “descontrolada”. (...). Não é exatamente o que o almofadinha lá do início diria no encaminhamento do eterno processo sedutivo, mas, afinal, homem nenhum também carrega mais almofadas para se sentar no bonde. Sequer bondes 2há. Já fomos “pães”. Muito doce, não pegou. Somos todos lamentáveis “tigrões” em nossa triste sina de matar um leão por dia.

Elas mereciam verbetes melhores, que se lhes ajustassem perfeitos, redondos, como a tal calça da Gang. A língua das ruas anda avacalhando com as nossas “minas”, para usar a última expressão em que as mulheres foram saudadas com delicadeza e exatidão — dentro da mina, afinal, 4cabe tanto a pepita de ouro como a cavidade que se enche de pólvora para explodir e destruir tudo o que estiver em cima.

A deusa da nossa rua, que sempre pisou os astros distraída, não passa hoje de “tchutchuca marombada” ou “popozuda descontrolada”. É pouco para quem caminha nas pedrinhas portuguesas como se São Pedro fosse sobre as águas bíblicas. Algumas delas, uvas do vinho sagrado, santas apenas no aguardo da beatificação vaticana, provocando ainda maior alvoroço, alumbramento e estupefação dos sentidos.

JOAQUIM FERREIRA DOS SANTOS
O que as mulheres procuram na bolsa: crônicas. Rio de Janeiro: Record, 2004.  


5. (Uerj 2013)  Ao enumerar e comentar as designações antigas e atuais aplicadas à mulher, o cronista estabelece uma diferença de épocas na maneira de representar a beleza feminina.
Explicite essa diferença e transcreva uma designação típica de cada uma das épocas retratadas no texto.


Resposta:

Até certo momento, as designações expressavam delicadeza (melindrosa, uva, suco, pitéu, broto, mina, avião, violão, certinha, pedaço, deusa, gata, franga), mas, atualmente, tornaram-se menos delicadas e até depreciativas (“cachorra”, “sarada”, “tchutchuca marombada”, “popozuda descontrolada”).  




TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
Inocência

Depois das explicações dadas ao seu hóspede, sentiu-se o mineiro mais despreocupado.
— Então, disse ele, se quiser, vamos já ver a nossa doentinha.
— Com muito gosto, concordou Cirino.
E, saindo da sala, acompanhou Pereira, que o fez passar por duas cercas e rodear a casa toda, antes de tomar a porta do fundo, fronteira a magnífico laranjal, naquela ocasião todo pontuado das brancas e olorosas flores.
1— Neste lugar, disse o mineiro apontando para o pomar, todos os dias se juntam tamanhos bandos de graúnas, que é um barulho dos meus pecados. Nocência gosta muito disso e vem sempre coser debaixo do arvoredo. É uma menina esquisita...
Parando no limiar da porta, continuou com expansão:
2— Nem o Sr. imagina... Às vezes, aquela criança tem lembranças e perguntas que me fazem embatucar... Aqui, havia um livro de horas da minha defunta avó... Pois não é que 3um belo dia ela me pediu que lhe ensinasse a ler? ... Que ideia! Ainda há pouco tempo me disse que quisera ter nascido princesa... Eu lhe retruquei: E sabe você o que é ser princesa? Sei, me secundou ela com toda a clareza, é uma moça muito boa, muito bonita, que tem uma coroa de diamantes na cabeça, muitos lavrados no pescoço e que manda nos homens... Fiquei meio tonto. 4E se o Sr. visse os modos que tem com os bichinhos?! ... Parece que está falando com eles e que os entende... (...) Quando Cirino penetrou no quarto da filha do mineiro, era quase noite, de maneira que, no primeiro olhar que atirou ao redor de si, só pôde lobrigar, além de diversos trastes de formas antiquadas, uma dessas camas, muito em uso no interior; altas e largas, feitas de tiras de couro engradadas. (...)
Mandara Pereira acender uma vela de sebo. Vinda a luz, aproximaram-se ambos do leito da enferma que, achegando ao corpo e puxando para debaixo do queixo uma coberta de algodão de Minas, se encolheu toda, e voltou-se para os que entravam.
— Está aqui o doutor, disse-lhe Pereira, que vem curar-te de vez.
— Boas noites, dona, saudou Cirino.
Tímida voz murmurou uma resposta, ao passo que o jovem, no seu papel de médico, se sentava num escabelo junto à cama e tomava o pulso à doente.
Caía então luz de chapa sobre ela, iluminando-lhe o rosto, parte do colo e da cabeça, coberta por um lenço vermelho atado por trás da nuca.
Apesar de bastante descorada e um tanto magra, era Inocência de beleza deslumbrante.
Do seu rosto, irradiava singela expressão de encantadora ingenuidade, realçada pela meiguice do olhar sereno que, a custo, parecia coar por entre os cílios sedosos a franjar-lhe as pálpebras, e compridos a ponto de projetarem sombras nas mimosas faces.
Era o nariz fino, um bocadinho arqueado; a boca pequena, e o queixo admiravelmente torneado.
Ao erguer a cabeça para tirar o braço de sob o lençol, descera um nada a camisinha de crivo que vestia, deixando nu um colo de fascinadora alvura, em que ressaltava um ou outro sinal de nascença.
Razões de sobra tinha, pois, o pretenso facultativo para sentir a mão fria e um tanto incerta, e não poder atinar com o pulso de tão gentil cliente.

VISCONDE DE TAUNAY
Inocência. São Paulo: Ática, 2011.

graúna – pássaro de plumagem negra, canto melodioso e hábitos eminentemente sociais
livro de horas – livro de preces
secundou – respondeu
lavrados – na província de Mato Grosso, colares de contas de ouro e adornos de ouro e prata
lobrigar – enxergar
escabelo – assento
facultativo – médico


6. (Uerj 2013)  A caracterização de Inocência confirma só parcialmente a idealização da heroína romântica.
Indique uma característica que Inocência apresenta em comum com as heroínas românticas e outra que a torna diferente dessas heroínas.


Resposta:

A personagem Inocência apresenta características românticas como o fato de ser sonhadora, querer ser princesa, possuir uma beleza deslumbrante e aparência física frágil. No entanto, o fato de ser iletrada, viver no campo e querer aprender a ler distancia-a desse perfil idealizado.



  
7. (Uerj 2013)  Neste lugar, disse o mineiro apontando para o pomar, todos os dias se juntam tamanhos bandos de graúnas, que é um barulho dos meus pecados. Nocência gosta muito disso e vem sempre coser debaixo do arvoredo. (ref. 1)

Nesta passagem, há duas palavras, de mesma classificação gramatical, empregadas pelo locutor para indicar a proximidade ou distância do elemento a que se referem.
Cite essas palavras e identifique sua classificação gramatical.
Transcreva o trecho em que uma dessas palavras se refere a uma informação presente no próprio texto.  


Resposta:

Os pronomes (n)este e (d)isso são usados pelo locutor para indicar a proximidade ou distância do elemento a que se referem, como em “Neste lugar” e “Nocência gosta muito disso”.




TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
As questões tomam por base uma crônica de Clarice Lispector (1925-1977) e uma passagem do Manual do Roteiro, do professor de Técnica do roteiro, consultor e conferencista Syd Field.

Escrever

Eu disse uma vez que escrever é uma maldição. Não me lembro por que exatamente eu o disse, e com sinceridade. Hoje repito: é uma maldição, mas uma maldição que salva.
Não estou me referindo muito a escrever para jornal. Mas escrever aquilo que eventualmente pode se transformar num conto ou num romance. É uma maldição porque obriga e arrasta como um vício penoso do qual é quase impossível se livrar, pois nada o substitui. E é uma salvação.
Salva a alma presa, salva a pessoa que se sente inútil, salva o dia que se vive e que nunca se entende a menos que se escreva. Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador. Escrever é também abençoar uma vida que não foi abençoada.
Que pena que só sei escrever quando espontaneamente a “coisa” vem. Fico assim à mercê do tempo. E, entre um verdadeiro escrever e outro, podem-se passar anos.
Lembro-me agora com saudade da dor de escrever livros.

(Clarice Lispector. A descoberta do mundo, 1999.)

Escrevendo o roteiro

Escrever um roteiro é um fenômeno espantoso, quase misterioso. Num dia você está com as coisas sob controle, no dia seguinte sob o controle delas, perdido em confusão e incerteza. Num dia tudo funciona, no outro não; ninguém sabe como ou por quê. É o processo criativo; que desafia análises; é mágica e maravilha.
Tudo o que foi dito ou registrado sobre a experiência de escrever desde o início dos tempos resume-se a uma coisa — escrever é sua experiência particular, pessoal. De ninguém mais.
Muita gente contribui para a feitura de um filme, mas o roteirista é a única pessoa que se senta e encara a folha de papel em branco.
Escrever é trabalho duro, uma tarefa cotidiana, de sentar-se diariamente diante de seu bloco de notas, máquina de escrever ou computador, colocando palavras no papel. Você tem que investir tempo.
Antes de começar a escrever, você tem que achar tempo para escrever.
Quantas horas por dia você precisa dedicar-se a escrever?
Depende de você. Eu trabalho cerca de quatro horas por dia, cinco dias por semana. John Millius escreve uma hora por dia, sete dias por semana, entre 5 e 6 da tarde. Stirling Silliphant, que escreveu The Towering Inferno (Inferno na Torre), às vezes escreve 12 horas por dia. Paul Schrader trabalha com a história na cabeça por meses, contando-a para as pessoas até que ele a conheça completamente; então ele “pula na máquina” e a escreve em cerca de duas semanas. Depois ele gastará semanas polindo e consertando a história.
Você precisa de duas a três horas por dia para escrever um roteiro.
Olhe para a sua agenda diária. Examine o seu tempo. Se você trabalha em horário integral, ou cuidando da casa e da família, seu tempo é limitado. Você terá que achar o melhor horário para escrever. Você é o tipo de pessoa que trabalha melhor pela manhã? Ou só vai acordar e ficar alerta no final da tarde? Tarde da noite pode ser um bom horário. Descubra.

(Syd Field. Manual do roteiro, 1995.)


8. (Unesp 2013)  Mas escrever aquilo que eventualmente pode se transformar num conto ou num romance.

Ao empregar na frase apresentada o advérbio eventualmente, o que revela Clarice Lispector sobre a criação de um conto ou romance?


Resposta:

Clarice Lispector revela que a criação de um conto ou romance depende de acontecimentos incertos, casuais, fortuitos.



  
9. (Unesp 2013)  Clarice Lispector coloca inicialmente o processo da criação literária como uma maldição. Em seguida, ressalva que é também uma salvação.
Com base no texto da crônica, explique como a autora resolve essa diferença de conceitos sobre a criação literária.


Resposta:

Clarice Lispector afirma que o processo de criação literária: “É uma maldição porque obriga e arrasta como um vício penoso do qual é quase impossível se livrar, pois nada o substitui.”. No entanto, logo depois, afirma que: “E é uma salvação. Salva a alma presa, salva a pessoa que se sente inútil, salva o dia que se vive e que nunca se entende a menos que se escreva”. Isso porque “Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador. Escrever é também abençoar uma vida que não foi abençoada”. Assim, a autora trabalha os conceitos de forma paradoxal.



  
10. (Unicamp 2012)  Os excertos abaixo foram extraídos do Auto da barca do inferno, de Gil Vicente.

(...) FIDALGO: Que leixo na outra vida
quem reze sempre por mi.
DIABO: (...) E tu viveste a teu prazer,
cuidando cá guarecer
por que rezem lá por ti!...(...)
ANJO: Que querês?
FIDALGO: Que me digais,
pois parti tão sem aviso,
se a barca do paraíso
é esta em que navegais.
ANJO: Esta é; que me demandais?
FIDALGO: Que me leixês embarcar.
sô fidalgo de solar,
é bem que me recolhais.
ANJO: Não se embarca tirania
neste batel divinal.
FIDALGO: Não sei por que haveis por mal
Que entr’a minha senhoria.

ANJO: Pera vossa fantesia
mui estreita é esta barca.
FIDALGO: Pera senhor de tal marca
nom há aqui mais cortesia? (...)
ANJO: Não vindes vós de maneira
pera ir neste navio.
Essoutro vai mais vazio:
a cadeira entrará
e o rabo caberá
e todo vosso senhorio.
Vós irês mais espaçoso
com fumosa senhoria,
cuidando na tirania
do pobre povo queixoso;
e porque, de generoso,
desprezastes os pequenos,
achar-vos-eis tanto menos
quanto mais fostes fumoso. (…)

SAPATEIRO: (...) E pera onde é a viagem?
DIABO: Pera o lago dos danados.
SAPATEIRO: Os que morrem confessados,
onde têm sua passagem?
DIABO: Nom cures de mais linguagem!
Esta é a tua barca, esta!
(...) E tu morreste excomungado:
não o quiseste dizer.
Esperavas de viver,
calaste dous mil enganos...
tu roubaste bem trint'anos
o povo com teu mester. (...)
SAPATEIRO: Pois digo-te que não quero!
DIABO: Que te pês, hás-de ir, si, si!
SAPATEIRO: Quantas missas eu ouvi,
não me hão elas de prestar?
DIABO: Ouvir missa, então roubar,
é caminho per'aqui.

(Gil Vicente, Auto da barca do inferno, em Cleonice Berardinelli (org.), Antologia do teatro de Gil Vicente. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; Brasília: INL, 1984, p. 57-59 e 68-69.)

a) Por que razão específica o fidalgo é condenado a seguir na barca do inferno? E o sapateiro?
b) Além das faltas específicas desses personagens, há uma outra, comum a ambos e bastante praticada à época, que Gil Vicente condena. Identifique essa falta e indique de que modo ela aparece em cada um dos personagens.


Resposta:

a) As personagens desta obra são divididas em dois grupos: as alegóricas e as personagens-tipo. No primeiro grupo inserem-se o Anjo e o Diabo, representando respectivamente o Bem e o Mal, o Céu e o Inferno. No segundo grupo incluem-se todas as restantes, nomeadamente o fidalgo D. Anrique e o sapateiro Joanantão, personagens que, como todas as outras, trazem elementos simbólicos que representam os seus pecados na vida terrena e dos quais não conseguiram libertar-se. O fidalgo veste um longo manto vermelho e vem acompanhado de um criado que porta uma cadeira, elementos que simbolizam a vaidade e a arrogância. O sapateiro transporta o avental e formas para fazer sapatos, símbolos da exploração interesseira da classe burguesa comercial.
b) Tanto o fidalgo quanto o sapateiro acreditavam que os rituais recomendados pela igreja católica para salvação da alma eram garantia absoluta para entrar no Paraíso, o que é desmentido pelo diabo. O fidalgo usa o argumento de que deixou na terra alguém que reza por ele (“Que leixo na outra vida /quem reze sempre por mi”) e o sapateiro alega que o fato de ter ouvido missas e se ter confessado antes de morrer lhe assegurariam a entrada no Céu (“Os que morrem confessados, /onde têm sua passagem?”, “Quantas missas eu ouvi, /não me hão elas de prestar?”).

Link para questões de de outras disciplinas:



Bons estudos!